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ToggleO Estreito de Bering, uma passagem marítima de 85 quilômetros que separa a Ásia da América do Norte, foi, durante a última Idade do Gelo, uma “ponte de terra” conhecida como Beríngia. Ela ligava a Sibéria russa, no extremo leste asiático, ao Alasca dos EUA, no extremo oeste da América do Norte.
Agora, uma descoberta anunciada recentemente no encontro anual da União Americana de Geofísica (AGU) revelou que o local não era um terreno seco e uniforme como se pensava, mas sim um cenário pantanoso, dominado por rios e algumas áreas mais elevadas.
Apresentada em uma pesquisa liderada pela geóloga Sarah Fowell, da Universidade do Alasca Fairbanks, a conclusão veio de amostras de sedimentos do fundo do mar, recolhidas em locais que estavam na superfície entre 36 mil e 11 mil anos atrás. A equipe identificou vestígios de peques lagos, canais de rios e flora bem diferentes da hipótese de tundra e pastagens até então vigente.
Dificuldades para a migração de espécies
A configuração pantanosa da região, parecida com o Delta Yukon-Kuskokwim, uma reserva indígena de 129,5 mil km² no sudoeste do Alasca, ajuda a explicar como as características desafiadoras do terreno podem ter sido uma barreira a ser enfrentada pelas espécies que atravessaram de um continente para outro, através da “ponte”.
Certamente, a paisagem pantanosa de Beríngia complicou a vida de muitas espécies itinerantes. Animais como mamutes e bisões, por exemplo, conseguiram superar os obstáculos, explorando terrenos elevados e mais secos. A presença de mamutes em áreas alagadas foi comprovada por amostras de DNA, indicando que esses gigantes do Pleistoceno utilizavam as colinas como passagem.
Esse raciocínio vale também para a percepção de como os primeiros humanos chegaram às Américas. Assim como as demais espécies, também nossos ancestrais tiveram que encarar travessias difíceis e se adaptar a climas extremos, até aprender quais caminhos eram viáveis.
Impacto nas Migrações Humanas
Uma questão central na antropologia, a chegada dos primeiros seres humanos às Américas, pode ter ocorrido através da Beríngia, em um corredor livre de gelo, há cerca de 14 mil anos. No entanto, evidências sugerem que já havia pessoas nas Américas muito antes disso, levantando questões sobre quais rotas alternativas podem ter sido utilizadas.
No dia 13 de dezembro, Sarah Fowell e Jenna Hill apresentaram dados na reunião da AGU que podem revolucionar a forma como a migração era vista até hoje. Novas análises de núcleos sedimentares e identificação das espécies presentes há 17 mil anos estão lançando novas luzes sobre as condições naturais e os obstáculos enfrentados pelos primeiros migrantes humanos.
A conexão entre obstáculos ambientais, como pântanos e corpos d’água, e as habilidades humanas começam a moldar novas interpretações sobre a jornada inicial.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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