Especialistas em clima e mais de 250 organizações de diversos países do mundo divulgaram, nesta terça-feira (18), uma carta em que cobram mecanismos eficazes de transparência e medidas contra a influência indevida nas negociações climáticas internacionais. O documento foi enviado à presidência da 30º Conferência do Clima da ONU, que este ano está a cargo do Brasil, e ao secretariado geral da convenção.
Na carta, os especialistas e organizações pedem a exclusão de lobistas de setores poluidores das delegações dos Estados, a implementação de declarações de interesses dos organizadores do evento e também das delegações.
A carta ainda cobra o aprimoramento dos critérios de escolha dos próximos países anfitriões, para que as COPs não aconteçam em países autoritários e pouco comprometidos com a agenda climática, como foi o caso das três últimas edições do evento, realizadas no Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão, respectivamente. Os três são países produtores de petróleo e com sérias restrições às liberdades individuais.
O documento divulgado nesta terça é assinado por grandes nomes da ciência climática, como os brasileiros Carlos Nobre e Raoni Rajão, e por organizações como WWF, Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace e Anistia Internacional, e redes e coalizões, como a Climate Action Network e Observatório do Clima.
Pedido reiterado
Esta não é a primeira vez que especialistas em clima manifestam sua preocupação em relação à presença de lobistas de setores poluidores, como os da indústria do petróleo e da carne, nas negociações climáticas internacionais.
Em meados de novembro de 2024, durante a 29ª COP, realizada no Azerbaijão, um grupo formado pelos principais nomes da agenda do clima, entre eles o ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, publicou uma Carta Aberta pedindo a “reforma da COP”.
Não é para menos. Levantamento realizado pela coalizão de organizações Kick Big Polluters Out (KBPO) mostrou que ao menos 1.773 grandes lobistas do petróleo ganharam acesso à COP29. No ano anterior, na COP de Dubai, o número de credenciais concedidas a lobistas foi ainda maior: 2.450.
Entre os atendentes da conferência do ano passado estavam representantes de petroleiras gigantes, como Chevron, ExxonMobil, BP, Shell e Eni, que levaram um total combinado de 39 lobistas à COP29, como mostrou ((o))eco.
Dados exclusivos obtidos por ((o))eco em novembro de 2024 também mostrou que, naquele ano, o Brasil foi o 2º país a enviar o maior número de lobistas da carne na Conferência do clima de Baku.
Com a COP30 marcada para novembro próximo, em Belém, as organizações que assinam a carta divulgada nesta terça-feira alertam que a implementação das medidas requeridas será essencial para restaurar a confiança no processo climático global e garantir que as negociações avancem de forma transparente e comprometida com a urgência da crise climática.
Leia a carta aqui.
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