Foto: Jorge Júnior/Agência Amapá
O Encontro dos Tambores celebra tradição e cultura afro-amapaense, fortalecendo as raízes e a cultura ancestral das comunidades negras no Amapá. O evento é realizado pela União dos Negros do estado (UNA), com apoio da Fundação Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Fundação Marabaixo) e da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Para celebrar o Mês da Consciência Negra, a programação tem como objetivo promover a reflexão e o debate sobre temas como racismo e luta pela igualdade racial com shows, workshops e outras ações durante o período.
O Encontro é realizado desde 1995, sendo uma tradição e Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado. Todos os anos as comunidades negras e indígenas se reúnem para a celebração da cultura, como uma forma de dar continuidade aos costumes ancestrais.
O evento é um dos mais tradicionais do estado, reunindo comunidades que têm como principal expressão cultural a dança do Marabaixo, o Batuque, a Zimba, o Tambor de Crioula e o Sairé. A capoeira é outra manifestação cultural negra que faz parte dos festejos do Marabaixo.
O Marabaixo é um símbolo de resistência das comunidades afro-amapaenses. A história da manifestação cultural remonta ao período de escravidão no Brasil, quando o Amapá ainda era parte do atual estado do Pará.
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O Marabaixo é uma manifestação folclórica, que consiste em homenagear o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade em duas partes: a sagrada (missas, novenas, ladainhas) e a profana (dança do Marabaixo, bailes). A origem do nome é incerta: alguns afirmam que vem do árabe marabut (louvar); outros afirmam que vem do fato dos escravos serem trazidos mar abaixo nos navios negreiros (ou seja, da África para o Brasil).
Registros do jornal ‘O Liberal’, de 1872, relatam pessoas negras escravizadas recolhendo galhos de murta (uma planta encontrada nas matas do Curiaú) para enfeitar o mastro em homenagem à Santíssima Trindade. Um ritual que se mantém nos dias atuais.
“O ritmo da dança é marcado pelas cantigas entoadas pela cantadeira e ou cantador que formam um conjunto de versos de nome ladrão. O verso ladrão é retirado de improviso, é rimado e tem o intuito de satirizar, exaltar, criticar e elogiar pessoas e fatos ocorridos no cotidiano local, nacional e mundial. Os instrumentos de percussão que ditam o ritmo da dança recebem a denominação de caixa”, de acordo com Piedade Videira – autor de ‘O Marabaixo do Amapá: encontro de saberes, histórias e memórias afro-amapaenses’.
O batuque é tradicional na comunidade quilombola do Curiaú – área quilombola de Macapá – representando a luta pela liberdade dos antepassados do moradores da região e um momento de agradecer aos santos, principalmente ao padroeiro, São Joaquim.
Inicialmente o festival foi realizado na comunidade do Curiaú e, com a inauguração do Centro de Cultura Negra, em 1998, passou a ser realizado no bairro do Laguinho, durante as comemorações da Semana da Consciência Negra.
Além dos itens que fazem parte da programação anual, a partir de 2015 a organização acrescentou exposições de fotografias de pioneiros do Marabaixo e artefatos do candomblé e da umbanda.
Em 2024, o festival se apresenta com o tema ‘No Meio do Mundo com os Tambores de Todo o Mundo’, no Centro de Cultura Negra do Amapá Raimunda Ramos em Macapá.
“Não se trata apenas de festa, mas também de exaltar nossa história e cultura. O Encontro dos Tambores integra as comunidades não só pela cultura, mas também pela união e pela resistência”, avalia a diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos.
*Com informações da Agência Amapá
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