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Senado aprova projeto que autoriza reservatórios de água para irrigação em APP

Em ano de COP 30, senadores querem criar uma frente para explorar petróleo na Amazônia 

Em ano de COP 30, o tem a oportunidade de liderar a transição climática justa. Mas a realidade é que vivemos uma corrida para a abertura de novos poços de petróleo e gás, o que contraria todas as recomendações científicas para frear a crise climática. A nova da vez são os parlamentares do Congresso Nacional que querem instituir “a Frente Parlamentar do Senado Federal em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil”. 

A proposta dos senadores acompanha o debate em torno da exploração da Foz do Amazonas, parte da Margem Equatorial Brasileira, região costeira que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá. Em 2023, o Instituto Brasileiro do e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou uma licença – por questões técnicas – para a Petrobras perfurar o bloco FZA-M-59, localizado especificamente na Foz do Amazonas.

Embora o documento que busca instituir a mencionada Frente diga que explorar a região estaria “elevando a importância geopolítica do país”, abrir novos poços de petróleo e gás, na verdade, nos atrasa em relação às mudanças que o mundo necessita e prejudica a imagem do Brasil no exterior. 

O que eleva a importância geopolítica do país é protagonizar a luta contra a crise climática, agindo de acordo com os posicionamentos e promessas do Executivo, e criando mecanismos de mitigação, redução de emissões de gases de efeito estufa e adaptação climática, com critérios de justiça social e redução de vulnerabilidades históricas. 

Muito se fala, ainda, sobre os royalties. Contudo, caso haja petróleo suficiente para explorar na Foz do Amazonas, não se sabe quando as cidades e estados da Margem Equatorial receberão os montantes, tampouco quanto. Entre o início da exploração e o recebimento do montante, pode-se passar mais de uma década. Além disso, os royalties não são garantias de bem-estar, diminuição de pobreza ou de melhora de qualidade de vida para a população – e temos exemplos. 

Além disso, a promessa de desenvolvimento é falaciosa. Não é o petróleo que irá resolver os complexos problemas históricos da região norte, tampouco do bioma amazônico e de seus habitantes. O que beneficia a população amazônica – e todos os brasileiros – é a criação de emprego e renda com base em atividades de bioeconomia, que regeneram os ecossistemas invés de destruí-los. 

A articulação dos senadores também distorce o papel do Congresso Nacional, que é de legislar e monitorar o Executivo a fim de garantir o bem estar do povo brasileiro. Usa-se do poder político-parlamentar para o avanço de interesses próprios e arbitrários, sem qualquer critério de qualidade científica e técnica. 

Por fim, reiteramos que a insistência em abrir novos poços de petróleo no Brasil é dissonante das premissas globais do governo Lula para a Amazônia – e para todo o planeta. Se neste ano Belém (PA) irá receber a COP 30, o maior evento de clima global, é totalmente contraditório que seu país sede, assim como seus líderes políticos, invalidem o conhecimento científico, façam escolhas arbitrárias e desconsiderem a necessidade global de decair e cessar as emissões de gases de efeito estufa. Dessa forma, o que teremos é, mais uma vez, uma Conferência do Clima em um país petroleiro. 

Precisamos de um plano de transição energética justo e popular, no qual sejam projetados mecanismos para, realmente, abandonarmos as matrizes fósseis sem deixar de fora a discussão sobre demanda energética, pobreza e desigualdade energética. A produção de energia renovável deve reduzir desigualdades históricas, e não agravá-las. 

O Brasil tem capacidade e potencial para liderar essa transição, de forma que os nossos representantes políticos devem ser os pioneiros em propor tais planos. Por isso, a criação da Frente Parlamentar do Senado Federal em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil é um descompromisso com a ação climática urgente, configurando uma investida que apenas agrava a crise climática, a cada dia mais latente na vida de milhares de pessoas, ao invés de combatê-la e apresentar soluções alinhadas com os desafios e anseios de nosso século. 

As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site O Eco e são de total responsabilidade do autor.
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