Anúncios, profecias ou teorias (conforme o entendimento de leitores) há séculos projetam, ou melhor, desenham a realidade planetária, nossa Casa Comum*, em processo acelerado de decadência e destruição.
Dados da National Geographic*, a espécie humana surgiu na África há aproximadamente 200 mil anos. Teorias ainda apontam que as primeiras formas de vida surgiram de moléculas orgânicas simples e específicas da terra primitiva. Em 1758, Carl Linnaeus, naturalista sueco, nomeou a espécie humana resultado desse processo natural – “homo sapiens” (sábio em latim). A referência se reporta a um animal da ordem primata, diferente das outras espécies, haja vista, possuir consciência evoluída, raciocínio lógico e linguagem elaborada.
A base referencial nos permite mergulhar no conceito “homo sapiens” e estabelecer comparativos ao atual perfil desta mesma humanidade no século XXI. São inegáveis avanços cognitivos, tecnológicos; influências em várias áreas da ciência acadêmica, das relações políticas, sociais, comerciais; inovações cibernéticas na comunicação, no monitoramento de máquinas, de espécies naturais, de sistemas diversos ativos na sociedade moderna. No entanto, a partir do que se tem de real-concreto*, observa-se um imenso vazio existencial; uma ausência de diálogos e interações com a original “sapiência humana” definida por Carl Linnaeus e a práxis teorizada na modernização incontrolada da ciência academicista.
Na condição de autodidata, cruzo a teoria em pauta com o princípio registrado na Bíblia Cristã: Gênesis 3:19 3:20 “Vieste do pó e ao pó voltarás”. Logo, todas as formas de vida indistintamente vieram do pó da terra e ao pó retornarão: humanos, bichos, florestas, solos, águas e etc.
A citação não deixa de ser um eco de despertar ao “homo sapiens” moderno: apesar do grande número de “cristãos” abrigados no Ventre Universal, a citação em Gênesis e Eclesiastes é silenciada, ignorada e até violada via práticas dogmáticas de exclusão a seres desvalidos; a espécies consideradas insignificantes: populações empobrecidas, animais e suas diversidades, florestas e respectivos elementais; solos e fontes agredidas por tecnologias da homo sapiência moderna, mercadológica, em apoio a um processo agressor ao “pó” – o tal “desenvolvimento sustentável”.
Independentemente de sentimentos e consciências supremacistas (característica da sapiência moderna) insignificâncias significativas* resistem ao massacre desenvolvimentista e anunciam em seus silêncios, em rastros camuflados, em nutrientes ignorados, em elementais pulsantes e entre outros fragmentos originários, sopros de vida sustentáveis em reforço à profecia, à teoria da unicidade pluriversa latente em cada célula que teimosia no retorno do legítimo, do original “homo sapiens”, hoje, perdido de si e dos laços que o reintegram ao pó – matéria prima de todas as formas de vida.
O ventre que nos permite vida e sobrevivência é abrigo comum, milenar… Avança tempos, histórias; alcança o aqui, o agora numa tessitura universal unindo semelhantes, semelhanças, diferentes e diferenças…
Ainda que neguemos origens e laços, todos e todas, indistintamente, um dia retornaremos ao mesmo pó.
Falares de casa
Insignificâncias Significativas – Expressão do Poeta Manuel de Barros na Obra – Livro sobre nada. (1993)
National Geographic – Revista online, fundada em 1888.
Real-concreto – MARX, Carl. Introdução ao estudo do Método de Marx. Manuscritos econômico- filosóficos de 1844. Lisboa: Avante.
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