O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal beneficiário da venda de itens luxuosos recebidos pelo governo brasileiro durante seu mandato, afirmou a Polícia Federal em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal.
O documento, com mais de 600 páginas, chegou à Corte na semana passada, mas o sigilo caiu nesta segunda-feira 8.
De acordo com os investigadores, o dinheiro obtido com as transações foi repassado a Bolsonaro e também custeou sua estadia e a de familiares nos Estados Unidos. O ex-capitão viajou em dezembro de 2022 e não passou a faixa presidencial para Lula (PT).
“Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, escreveu a PF.
Esse método, diz o relatório, é “uma das formas mais usuais para reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita”. Pelo menos 25 mil reais em espécie chegaram a Bolsonaro por intermédio do general Mauro César Lourena Cid, responsável pela venda dos presentes nos EUA, de acordo com o documento.
As joias entregues ao governo Bolsonaro têm um valor de mercado superior a 25 milhões de reais, segundo a PF. O suposto núcleo criminoso teria utilizado a estrutura do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica para “legalizar” a incorporação dos bens ao acervo privado do ex-presidente.
O inquérito sobre o desvio dos itens foi concluído pela PF na semana passada, com pedidos de indiciamento contra Bolsonaro e outras 11 pessoas. Cabe à Procuradoria-Geral da República decidir se denuncia os envolvidos, arquiva o caso ou pede novas diligências.
Bolsonaro foi enquadrado em associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (quando um agente se apropria indevidamente de bens públicos), cujas penas, somadas, podem chegar a 25 anos de prisão. A defesa nega qualquer participação no esquema.
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