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Dia do lugar - Amazônia Real

Dia do lugar – Amazônia Real


Anualmente vivenciamos em Manaus uma polêmica com data certa: o aniversário da cidade, formalizado como 24 de outubro.

Principalmente entre historiadores, as manifestações giram em torno primeiro da contagem em anos, já que há distintas visões para os critérios que deveriam ser adotados. Em segundo, da data a utilizar para a comemoração cívica. Contar a partir da “referência mais antiga” de ocupação “civilizada” ou da data do estabelecimento da “cidade” por ato burocrático e com tal categorização e nome, ou de outro evento ?

Na dificuldade de definir com precisão os critérios e fatos históricos, se encontrou uma solução híbrida. Usar a contagem a partir da referência de ocupação colonial mais antiga, provável 1669, com a instalação do Forte São José do Rio Negro e a data da oficialização da urbe como “Cidade da Barra do Rio Negro”, ocorrida em um 24 de outubro, no ano de 1848.

Com isso se obteve uma data para a comemoração cívica e contagem de “idade” para Manaus. A mais perfeita construção de uma tradição, que a maioria respeita, tem como verdade, mas não tem a menor ideia de como foi de fato constituída. Para ser contextual vale lembrar o majoritário desconhecimento popular sobre o que é “israelita” e “israelense”, o Israel bíblico e o Estado de Israel, o sionista fundado em 1948, e mais ainda sobre presença palestina. O que leva a posicionamentos equivocadíssimos sobre “quem é quem no jogo do bicho” no conflito em curso no oriente médio.

Para não me alongar, já vou encaminhado que minha visão se desloca da disputa pelo cívico mentalmente colonizado e dos critérios de episteme eurocentrada historiográfica, para algo mais holístico e libertário.  Explico isso melhor e detalhadamente no meu blog pessoal

Por aqui apenas digo que seria muito melhor considerar um “dia do lugar” que não fosse baseado nos critérios e métodos já citados. Se entendermos a idade do lugar utilizando premissas geográficas, no caso ocupação humana, a coisa muda de figura. Milton Santos o grande geógrafo deu pistas para isso. 

Por que não escolher para dia do lugar Manaus, uma referência menos colonizada e “chapa branca”? Não seria melhor usar um evento natural como o ciclo de vazante e cheia do nosso rio?  O momento em que a ocupação ancestral do lugar literalmente “dê as caras”, lembrando que antes de qualquer marcador eurocolonial, aqui já era um lugar, com nome, com pessoas, com tecnologias?

Pode ser até coincidência, mas justamente na semana do aniversário de Manaus, cujo nome inclusive remete à essa ocupação ancestral do lugar, a natureza nos lembre veementemente disso. Que o ciclo natural se feche e possamos comemorar a lembrança do passado prenunciando a volta das águas, ambos importantes para o nosso lugar.

Viva Manaus! Sabe-se lá quantos anos.


A imagem que abre este artigo é de autoria de Goorge Huebner (Photographia Allemã; Huebner & Amaral; Klippgen & Huebner; Photographia Fidanza/ Coleção Brasiliana/BN/IMS), do Álbum  “Vistas de Manaus”, de 1900 e mostra a Rua Lima Bacury.


As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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