A Amazônia é rica de lendas e histórias que envolvem o imaginário da população ribeirinha e indígena. São seres sobrenaturais e fantásticos que possuem descrições encantadoras, como o homem que vira boto ou a criatura com os pés virados para trás que afugenta caçadores.
Todos esses elementos compõem o imaginário amazônico. Fatos expandidos pela oralidade de pais para filhos, que estão ligados a mitos caboclos e indígenas, lendas essas que viraram base para compositores de toadas do Festival Folclórico de Parintins, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
A toada é um gênero musical que dá ritmo à cultura dos bois-bumbás em todo o Amazonas. Através dessas músicas são desenvolvidos vários temas que ajudam os bois-bumbás no bumbódromo e muitas contam vivências e lendas diferentes, como na lista a seguir:
As nuvens negras de outrora cobrem a noite
A lua adormeceu, os bichos noturnos acuados ficaram
Em tocas calaram, por um silêncio que transpira o medo.
No rebojo sombrio dos aningais, rompendo canaranas
Nas águas escuras, enigmáticos olhos reveladores de encantos
Da fera que virá…
Emerge com fúria a fera das águas, estrondando
Assombrando os igapós….. soberana….
Esturros na noite estremecem as águas
Quimera que avança com voracidade
Pesadelo caboclo…
No corpo escamas de sucuriju
Negra sorrateira como o breu da noite
Filhas de arraias, jacarés
Cria de botos, poraquês (x2)
Vaga no lodo das águas da escuridão
Na fúria das águas a fera dos aningais
Tapiraiauara, Tapiraiauara, Tapiraiauara (bis)
Composição: Adriano Aguiar / Geovane Bastos – Boi Caprichoso.
Crateras abertas no seio
da grande floresta
Do povo de gorá
na aldeia se ouve um clamor.
A criatura que guarda
os segredos da terra
Das minas perdidas de urucumácuam
despertará.
Surge do subterrâneo rompendo com fúria
No corpo diamantes manchados de sangue
Pavú ibi maraúna
hea hea ahê
Pavú ibi maraúna.
Nos olhos pedras preciosas
polidas com ira
Refletem o brilho mortal da cobiça
Pavú ibi maraúna
hea hea ahê
Pavú ibi maraúna.
Pingos de sangue entranhados nos
diamantes são vidas
Com o branco, a febre, a fome, a morte
o desespero a cobiça
Do povo cinta-larga ecoou
Do povo cinta-larga ecoou.
Composição: Adriano Aguiar / Geovane Bastos / Renner Cruz – Boi Caprichoso
Terra! Profecias do pajé filho do fogo
Que se cumpra o extermínio dos domínios de Tupã
Dos segredos profanados da aruanã
Nas profundezas da escuridão
Hei, hei
Trevas! Santuário libertado dos malditos
Devoradores de mundos, de almas, de sonhos
Oh! Criador e criatura
Dos versos medonhos
Que encanta o pajé
Na ocara Karajá
Ah, ah, ah, ah, ah
Uô, ô, ô, ô, ô, ô
Fogo! Profecias do pajé filho do tempo
As estrelas que desabam no infinito
No vale dos ventos
Na ira dos raios
Os planetas se chocam nos braços da morte
A fúria das águas
Os olhos perdidos no caos
Fim do mundo Karajá
Ah, ah, ah, ah, ah
Uô, ô, ô, ô, ô, ô
Filho Diuré, Guerreiro Aruanã
Manchastes a casa dos homens
Do Karajá, do Karajá
Manchastes a glória vermelha da guerra
Do Karajá, do Karajá
Profanastes o segredo sagrado do tempo
Eu profanei, eu profanei
Terra!
Composição: Mencius Melo – Boi Garantido
As tribos inteiras se rendem
Ao som do tambor
O mestre da cura e da feitiçaria chegou
É Moangá, o protegido de Tupã
É Moangá, o protetor de toda terra
É Moangá, o soberano dos pajés
É Moangá, que contra o mal declara guerra
A Lua clareia o centro da aldeia
As tribos rodeiam as chamas da fogueira
Todos os guerreiros exaltam Moangá
Todas as tribos conclamam Moangá
Dono da magia e dos segredos concedidos por Tupã
O ritual da cura é do grande Moangá
O rei da pajelança é o grande Moangá
O povo da floresta
É protegido pelas mãos de Moangá
Composição: Tony Medeiros / Inaldo Medeiros / Edval Machado / Cláudio Batista – Boi Garantido
*Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
Ver post do Autor