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ToggleO Congresso dos Estados Unidos aprovou no sábado (30), a poucas horas do fim do prazo, a manutenção do financiamento do governo federal por 45 dias e evitou uma paralisação da administração, conhecida como ‘shutdown’, mas o acordo deixou de fora a ajuda à Ucrânia solicitada pelo presidente Joe Biden.
Três horas antes da meia-noite de sábado, prazo em que o governo ficaria bloqueado por falta de recursos, o Senado aprovou a manutenção do funcionamento da administração até meados de novembro com uma resolução aprovada poucas horas antes na Câmara dos Representantes.
A solução veio depois que o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, fez uma última tentativa para evitar a paralisação, situação que colocaria em risco vários setores, das operações militares até a ajuda alimentar, passando pela formulação de políticas federais.
“As maiorias bipartidárias na Câmara e no Senado votaram esta noite para manter o governo aberto, evitando uma crise desnecessária que teria infligido uma dor desnecessária a milhões de americanos trabalhadores“, afirmou Biden em um comunicado.
O presidente, no entanto, criticou os republicanos que, segundo ele, ignoraram acordos sobre gastos estabelecidos há vários meses e, além disso, e por não incluírem a ajuda militar à Ucrânia entre as medidas.
“Espero plenamente que o presidente (da Câmara dos Representantes) mantenha seu compromisso com o povo da Ucrânia e garanta a aprovação do apoio necessário para ajudar a Ucrânia neste momento crítico”, acrescentou Biden.
A medida aprovada por iniciativa de McCarthy, conhecida como “stopgap”, permitiria ao governo continuar funcionando por mais 45 dias, mas sem nenhuma ajuda para a Ucrânia – um ponto de discórdia importante para os democratas.
Os congressistas devem discutir agora um projeto de lei separado sobre os 24 bilhões de dólares (R$ 120 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia que Biden desejava incluir no orçamento. Uma votação sobre a questão pode acontecer na próxima semana, segundo a imprensa americana.
“Acredito que exista uma frustração real nos Estados Unidos pelo fato de que este presidente ignore a fronteira americana e esteja mais preocupado com outro lugar”, disse, em alusão ao que os republicanos chamam de “crise migratória dos Estados Unidos”.
O texto foi aprovado por 335 votos a favor e 91 contrários na Câmara. No Senado, a votação foi de 88 a 9 a favor do financiamento emergencial.
Ucrânia na balança
Consciente dos problemas políticos de seu principal aliado, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, visitou na semana passada o Congresso americano para tentar convencer Washington a ajudar seu país a “atravessar a linha de chegada” diante da Rússia.
Alguns congressistas republicanos trumpistas se recusam a desbloquear qualquer nova ajuda a Kiev porque consideram que os recursos deveriam ser destinados à crise migratória dos Estados Unidos.
Os congressistas leais ao ex-presidente Donald Trump, com um poder de influência desproporcional diante da escassa maioria republicana na Câmara de Representantes, já levaram os Estados Unidos à beira de um precipício político e financeiro há quatro meses com a questão do aumento do teto da dívida.
“Shutdown” de 2018
Eleito às custas de intensas negociações com os trumpistas, McCarthy corre o risco de perder o cargo.
“Se tiver que arriscar meu cargo para defender o povo americano, vou fazê-lo”, afirmou, neste sábado. E acrescentou: “se alguém quer me demitir porque quero ser o adulto na sala, que tente”.
Em 2018, durante o mandato de Trump, o país viveu um “shutdown” (paralisação do governo federal) mais prolongado. Segundo várias estimativas, o PIB americano perdeu na ocasião mais de 3 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 11 bilhões, na cotação da época).
A poucas horas do fim do prazo, os Estados Unidos se preparavam para uma nova paralisação dos serviços públicos. Os funcionários públicos foram notificados na quinta-feira sobre a situação iminente.
A maioria dos parques nacionais americanos, como Yosemite ou Yellowstone, permaneceriam fechados. O tráfego aéreo também enfrentaria enfrentar grandes problemas.
E cidadãos beneficiados por ajuda alimentar também poderiam ser prejudicados.
Cada semana com o governo federal paralisado custaria ao PIB americano 0,2 ponto de crescimento no quarto trimestre, segundo economistas do banco Goldman Sachs.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Carta Capital e são de total responsabilidade do autor.
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