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ToggleQuando pensamos em câncer, geralmente o vemos como uma doença que afeta apenas o indivíduo, certo? Porém, em alguns casos raros, essa doença pode ser contagiosa, passando de um organismo para outro. Uma nova pesquisa descobriu que hidras, pequenas criaturas de água doce parecidas com águas-vivas, podem desenvolver tumores que são transmitidos para seus clones. O câncer transmissível já é conhecido em espécies como cães, mariscos e o diabo-da-tasmânia, mas essa nova descoberta oferece uma chance de entender melhor como esse tipo de câncer aparece.
A Hidra oligactis, uma criatura quase imortal em vários aspectos, se reproduz assexuadamente, gerando cópias idênticas de si mesma através de brotos. Em laboratório, essas hidras tendem a desenvolver tumores quando são superalimentadas, o que despertou o interesse dos cientistas. Liderando a pesquisa, Sophie Tissot, ecologista do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), buscou compreender como o câncer transmissível se desenvolve nessas criaturas.
Como os tumores se desenvolvem
O estudo de Tissot e sua equipe começou com 50 hidras coletadas no Lago Montaud, na França. Para aumentar as chances de desenvolver tumores, os pesquisadores alimentaram algumas dessas hidras com larvas de camarão salino cinco vezes por semana. Após dois meses, 19 hidras desenvolveram tumores, e seus brotos clonados também foram analisados.
Esse processo foi repetido por cinco gerações, e os cientistas notaram algo interessante: hidras cujos pais tinham tumores tinham quatro vezes mais chance de desenvolver câncer do que aquelas cujos pais não tinham, mesmo sendo geneticamente iguais.
Esses resultados confirmaram que os tumores não só apareciam de forma espontânea, mas também podiam ser passados de uma geração para outra, o que é uma descoberta importante no estudo de cânceres transmissíveis. “Este estudo apresenta a primeira observação experimental da evolução de um tumor transmissível”, escrevem os autores.
Mudanças no comportamento reprodutivo das hidras
Durante o estudo, os pesquisadores notaram algo curioso. As hidras com tumores começaram a mudar a forma como se reproduzem. Antes do tumor se desenvolver completamente, elas aceleravam a produção de brotos, investindo mais na reprodução assexuada enquanto o tumor ainda estava em estágio inicial. Isso indica que o organismo tenta compensar o impacto do tumor, garantindo que seus descendentes tenham mais chances de sobreviver sem desenvolver a doença.
Outro detalhe interessante foi que a mortalidade dos brotos aumentou depois que os tumores se formaram. “Essas mudanças sugerem que o organismo ajusta suas estratégias de vida para compensar os efeitos do tumor, produzindo mais descendentes enquanto eles ainda têm boas chances de sobreviver sem o tumor”, explicam os pesquisadores.
Essa pesquisa ajuda a entender como o câncer transmissível pode surgir e se adaptar ao longo do tempo. A raridade desse tipo da doença em outras espécies pode estar relacionada à falta de condições ambientais favoráveis para sua propagação. Tissot e sua equipe alertam que a interferência humana nos ecossistemas pode criar condições que aumentem o risco de transmissão desse tipo de câncer.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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