A cultura oceânica já é uma realidade para 100% da rede pública de ensino do município de Barcarena, na região metropolitana de Belém (PA), que foi o primeiro a implementar o programa Escola Azul de forma integral entre as escolas públicas do município. Coordenado pelo projeto de extensão Maré de Ciência, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o programa é realizado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e a UNESCO, com apoio da Fundação Grupo Boticário.
O Escola Azul trabalha o tema dos oceanos de forma transversal no currículo escolar em todas as regiões do Brasil reunindo cerca de 90 mil estudantes e mil docentes. O programa faz parte da rede Escola Azul Atlântico, que engloba mais 18 países comprometidos com a agenda oceânica.
“A cultura oceânica é o entendimento de como o oceano influencia a nossa vida e de como nossas ações influenciam o oceano. Está diretamente relacionada à Agenda 2030 e aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, explica Ronaldo Christofoletti, professor da Unifesp e coordenador do Maré de Ciência.
Apesar de Barcarena ser toda banhada por rios amazônicos que têm conexão direta com o mar e uma das principais atividades econômicas do local ser um porto que faz transporte direto para a Europa – o Porto de Vila do Conde –, a cidade tem uma certa distância do mar, tanto geográfica quanto fisicamente, segundo a Secretária de Educação de Barcarena, Ivana Ramos.
“Nós vivemos numa cidade onde poucos de nossos alunos conhecem o mar. E posso afirmar que muitos adultos também nunca viram o oceano em foto ou pela televisão. O nosso mar é marrom e nossas praias são de rio. Por isso, nosso primeiro desafio foi entender como angariar a simpatia dos nossos professores, alunos e gestores à integrar o programa. Não tomamos uma decisão unilateral em aderir ao Escola Azul, mas abrimos uma chamada aos gestores escolares, explicando a proposta. E qual a surpresa quando todas as escolas se inscreveram”, ressalta.
Ivana explica que hoje as 110 escolas da rede, da creche ao fundamental, estão integradas ao programa. “Nós temos escolas ribeirinhas ou escolas das ilhas, e uma diversidade de outras escolas que ficam na estrada, no centro da cidade ou na região do complexo portuário, onde estão as pessoas que trabalham diretamente para as fábricas que estão implantadas lá ou para as empresas que são prestadoras de serviço”, contou.
Após a adesão ao programa, um trabalho de conscientização da cultura oceânica passou a ser desenvolvido no município como um todo, usando a escola como ponto de partida. Segundo Ivana, agora é comum ver as pessoas relacionarem, por exemplo, os problemas que acontecem com o aumento da maré – quando a água do mar aumenta o volume dos rios e traz muito lixo ou deixam a água salobra – a vários dos desafios atuais da conservação do oceano.
“A partir do momento que temos os efeitos da maré, da entrada e saída da água, entendemos o impacto do mar na nossa vida e que o lixo que vai é o lixo que volta, portanto que nossas decisões são decisões que impactam o aqui e o agora. E que o problema é local, regional e global. A Ilha do Marajó, por exemplo, é uma das regiões com risco de ficarem submersas com o aumento do oceano, o que gerará uma migração para outros locais, como Barcana, e hoje as pessoas têm esse entendimento e falam sobre isso no seu cotidiano”, finalizou a secretária.
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