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Através do cultivo de frutos nativos, povo Paiter Suruí reverteu desmatamento da Terra Indígena Sete de Setembro

Através do cultivo de frutos nativos, povo Paiter Suruí reverteu desmatamento da Terra Indígena Sete de Setembro

Povo Paiter Suruí trabalha com agricultura familiar e agroflorestal, sempre aliados a sustentabilidade. Foto: Emily Costa/Rede Amazônica

Há quase 20 anos, o povo Paiter Suruí tem investido na agrofloresta para restaurar as áreas desmatadas por invasores dentro da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro. Cerca de 1 milhão de mudas de frutos nativos já foram plantadas em aldeias localizadas em Rondônia.

“Nós juntamos os nossos conhecimentos tradicionais de manejo da floresta com a ciência de homens não indígenas e decidimos plantar as mudas para reflorestar nosso território”, explica o líder indígena, Almir Suruí.

A TI Sete de Setembro, que é habitada por indígenas Paiter Suruí, está localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso, em uma área de 248.146 hectares. O modo de vida tradicional do povo Suruí está ligado ao uso da floresta e às atividades extrativistas.

Paiter Suruí recuperam áreas desmatadas com cultivo de frutos nativos dentro de aldeias em Rondônia. Foto: Emily Costa/Rede Amazônica

Pamine – o renascer da floresta 

De acordo com Almir Suruí, a ideia de reflorestamento surgiu por volta do ano de 2000, quando foi elaborado um plano de gestão de 50 anos do território com ajuda da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e outros órgãos ambientais. A principio, os levantamentos feitos revelaram que:

7% da floresta da TI Sete de Setembro estava desmatada;
17 espécies de árvores da região tinham sido extintas.

Isso porque durante o período de colonização e antes da demarcação das terras (por volta de 1920 até 1980), quando não indígenas habitavam a área, houve exploração dos recursos naturais, como extração ilegal de madeira. 

Preocupados com a situação do território, o povo Paiter Suruí decidiu criar o projeto “Pamine”, que na língua Tupi-Mondé dos Suruí, significa “o renascer da floresta'”. O objetivo do projeto era devolver para a floresta tudo aquilo que dela foi retirado.

“Nós decidimos que íamos recuperar as áreas que foram desmatadas e plantar as árvores que foram tiradas pelos invasores e madeireiros. É o enriquecimento da floresta, são as metas que temos para cuidar do nosso território”, explica Almir Suruí.
A Kanindé destinou as mudas de espécies de madeiras nobres, recebidas por meio de uma doação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O plantio é realizado em formato de mutirão e envolve todos os indígenas da comunidade.

Almir Suruí explica que o projeto teve início com uma família do clã “Gamep Suruí”, na aldeia Lapetanha, e se expandiu para várias aldeias do mesmo e de outros clãs.

De acordo com os dados do Terra Brasilis, plataforma desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 15 anos, cerca de 51,42 km² de áreas foram desmatadas dentro da TI Sete de Setembro: o que corresponde a 1,5% do desmatamento da Amazônia Legal nesse período.

Ainda de acordo com a plataforma, das 31 Terras Indígenas declaradas na Amazônia Legal, a Sete de Setembro é uma das que apresentam os menores índices de desmatamento, na 23º posição do ranking.

Povo Paiter Suruí trabalha com agricultura familiar e agroflorestal, sempre aliados a sustentabilidade. Foto: Emily Costa/Rede Amazônica

Agrofloresta e agricultura familiar 

Uma das primeira espécies plantadas foi a palmeira tucumã: espécie que simboliza início do reflorestamento do povo Suruí. Atualmente a árvore é utilizada na confecção de artesanatos (feito por mulheres das aldeias) e na alimentação tradicional dos indígenas.  

O presidente da Cooperativa Indígena Garah Itxa do povo Paiter, Celso Suruí, explica que foram selecionadas mudas que pudessem servir para alimentação, uso tradicional e também contribuíssem para a geração de renda das comunidades, como:

  • Babaçu
  • Pupunha
  • Castanha-do-Brasil
  • Manga
  • Abacate
  • Bananeira
  • Cacau
  • Sumaúma e outras.

Como tudo começou 

Invasores que entraram na TI Sete de Setembro, fizeram plantações de café e as abandonaram quando foram retirados. Após o contato com a sociedade não indígena, os Paiter perceberam que esse café era uma cultura lucrativa que poderia contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade.

“A gente precisa de dinheiro para nos desenvolver, mas cultivamos café com a floresta em pé. Porque a floresta também nos traz qualidade de vida e o nosso desenvolvimento”,
explica Celso

Atualmente, o povo Paiter Suruí trabalha com agricultura familiar e agroflorestal, sempre aliados à sustentabilidade. Os frutos produzidos dentro da terra indígena, além de gerarem renda, também contribuem para alimentação e manutenção da forma de vida desses povos. 

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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