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Ateliê Derequine do Instituto Witoto concorre a Prêmio de empreendedorismo social.

Ateliê Derequine do Instituto Witoto concorre a Prêmio de empreendedorismo social.


Por Raphael Alves/VII Foundation para Amazônia Real

Manaus (AM) – O Parque das Tribos é uma porção de floresta em Manaus que resiste e murmura histórias antigas. Ele é um dos inúmeros bairros da capital amazonense que foram ressignificados por indígenas que se deslocaram de seus territórios para reconstruir sua identidade, ancestralidade, histórias e modos de vida.

Originário da região do Alto Solimões, na fronteira do Brasil com a Colômbia, o povo Witoto é um dos que ajudaram a construir o Parque das Tribos, hoje considerado o maior território indígena de contexto urbano de Manaus.

É neste espaço, onde a capital amazonense se encontra com sua ancestralidade originária, que mulheres indígenas do povo Witoto tecem, com fios de memória, resistência, beleza e leveza, um futuro que honra o passado.

Fundado por mulheres lideranças, o Instituto Witoto é uma iniciativa que, ao mesmo tempo em que fortalece a identidade, gera sustentabilidade e renda, reivindica e conquista direitos fundamentais.

Finalista do Prêmio Empreendedor Social da Folha de S. Paulo, na categoria “Soluções que Inspiram”, o Instituto Witoto é muito mais do que um negócio de impacto social e econômico — é um manifesto vivo. Ele abriga várias iniciativas, dentre elas, o Ateliê Derequine – negócio pelo qual o Instituto foi indicado à premiação – que produz muito mais que vestimentas. O nome ‘derequine’ refere-se a ‘formiga brava’ na língua Witoto.

Cada peça é um mapa de pertencimento, a pintura de uma memória; uma arte que veste corpos com a alma de um povo.

O Ateliê Derequine, iniciativa de mulheres do povo Witoto, cria roupas que expressam identidade, arte e ancestralidade. A ação integra o Instituto Witoto, no Parque das Tribos, em Manaus. (Foto: Raphael Alves / The VII Foundation.)

Em 21 edições do prêmio, essa é a primeira vez que uma organização indígena chega tão longe. E não por acaso.

No Ateliê, oito mulheres indígenas se reúnem não apenas para costurar, mas para sonhar juntas. Sentam-se em volta de uma mesa de madeira, sob a sombra de uma árvore, e ali, entre linhas, tecidos, sementes e tintas, costuram também sua história, sua cultura e entrelaçam uma força coletiva inspiradora.

Vanda Witoto, 38 anos, liderança reconhecida e diretora-executiva do Instituto, é a voz que conduz essa travessia com coragem e visão política. Ao seu lado, sua mãe, Leia Kokama, 58, matriarca e guardiã da costura que atravessa gerações, é quem dá forma ao tecido ancestral.

Erika Witoto, 27 anos, coordenadora do Ateliê Derequine, com seu olhar atentos aos detalhes é responsável pela expressão através dos grafismos. Sempre em contato com a natureza, é ela quem traduz em traços a identidade que pulsa em cada peça.

Juntas, elas estarão em São Paulo — não apenas por um prêmio, mas por um posicionamento:

“Somos mulheres indígenas criando peças que representam nossa ancestralidade, nossa cultura e nossa força”, afirma Vanda.

O trabalho do Instituto Witoto vai além do empreendedorismo que valoriza os saberes ancestrais — é um projeto de vida que se desdobra em sonhos. O próximo passo? Construir uma maloca, espaço sagrado de saber e encontro, onde a escola ancestral possa florescer, e mais artesãs encontrem ali um caminho de dignidade e expressão.

Porque cada ponto bordado, cada tecido tingido, é também um ato de permanência.
E no silêncio entre as costuras, ouve-se a voz dos que vieram antes — dizendo: ainda estamos aqui.


As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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