O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, classificou a atuação da companhia após o temporal da última sexta-feira 3, que deixou milhares de paulistanos sem luz durante cinco dias, como “incrível”. Segundo o executivo, a queda de energia teria sido um “evento extraordinário”. As declarações foram dadas nesta terça-feira 7 em uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo
Ao ser questionado sobre como a empresa reagirá à queda na reputação após o apagão, Cotugno pontuou que funcionários da Enel também foram afetados e que não houve negligência. “Quando chega um furacão no Texas, o problema não é a empresa elétrica, é o furacão. Aqui estamos acostumados com eventos menores, mas se olharmos de forma racional e não emocional, a gente está fazendo um trabalho incrível por um fenômeno pelo qual não tivemos controle”, destacou.
Até a noite de ontem, ao menos 315 mil imóveis na Grande São Paulo ainda permaneciam desabastecidos. Com o prolongamento da crise de energia, o governo Lula deu, a contar da segunda-feira 6, 24 horas para que a Enel detalhe ações sobre o fornecimento de energia no Estado.
A empresa italiana adquiriu, em 2018, 73% das ações da estatal Eletropaulo, tornando-se a acionista majoritária da companhia de energia elétrica. A transação foi concretizada por 1,48 bilhão de dólares (cerca de 5,5 bilhões de reais, nos valores da época). Em dezembro daquele ano, a Eletropaulo passou a se chamar Enel Distribuição São Paulo.
De 2019 até o momento, a Enel promoveu um corte de 36% no seu quadro de funcionários. Em 2019, a empresa contabilizava 23.835 colaboradores, entre próprios e terceirizados. O número passou para 15.366 no terceiro trimestre de 2023. O corte no efetivo ocorre nos mesmos anos em que o número de consumidores atendidos pela empresa subiu 7%.
De acordo com o Cotugno, no entanto, o corte de funcionários não teria relações com a demora da empresa para restabelecer a energia na Grande São Paulo. Isso porque, segundo o executivo, a maioria das demissões teria ocorrido no setor administrativo e não na equipe de campo da empresa. A falta de mão de obra, porém, é apontada constantemente como um dos fatores que levou ao apagão e também teria contribuído com a baixa qualidade do serviço ofertado pela Enel no estado.
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