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Aplicativo é criado para monitorar ataques de onças no Acre

Aplicativo é criado para monitorar ataques de onças no Acre

As onças estão sob forte ameaça de extinção em todo o país. Elas desempenham um papel fundamental para o equilíbrio de todo o ecossistema. Uma empresa do mercado de crédito de carbono implantou o Projeto Hiwi, que monitora ataques de onças em fazendas que ficam no Acre.

Edmilde Pinheiro é fiscal de fazenda e acompanha diariamente 11 mil cabeças de gado. Às vezes, ele recebe a notícia de que algum animal foi atacado por onça.

“A caça da onça existe sim na nossa região. Ela é bem procurada por ela dá prejuízo em comer o rebanho dos produtores”, comenta.

O fiscal utiliza o próprio celular para monitorar os ataques do maior felino das américas. O Projeto Hiwi desenvolveu uma inteligência por trás de um aplicativo que define padrões e mapeia ataques de onças. A ferramenta é utilizada nessa área desde novembro de 2023.

Pinheiro esclarece que, ao ser avisado que uma onça atacou o gado, se dirige ao local do ataque, tira foto e coloca no aplicativo.

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O aplicativo de monitoramento das onças ajuda na caracterização dos ataques de forma sistemática e detalhada para entender padrões e criar planos efetivos de mitigação. As onças costumam atacar o gado no período da noite, em regiões no limite entre a mata fechada e o pasto.

A coordenadora do Projeto Hiwi, Larissa Albino, especifica como é feito o monitoramento dos ataques.

“O ataque foi feito provavelmente de dia ou de noite, se foi macho ou fêmea, aonde que o animal foi atacado e onde o animal foi consumido. Então, todas essas informações são informações substanciais para a gente avaliar qual é o padrão de ataque que o rebanho sofre no pasto”, comenta.

Uma câmera para captar imagens das onças foi instalada na área de floresta de uma das fazendas do projeto. Os ataques ainda são analisados para saber quais espécies atacam mais e em que período do ano. Os resultados podem ser apresentados em até dois anos.

Desde janeiro deste ano, foram 14 ataques de onça em quatro fazendas que fazem parte do Projeto Hiwi. Na região, é comum que onças pardas e pintadas sejam caçadas como forma de retaliação pela predação do gado.

As onças são consideradas “espécies guarda-chuva”, ou seja, são protegidas como parte de uma estratégia de conservação de todo um grupo de espécies. A bióloga Marinara Lusvardi, explica que quando esse animal é protegido, tudo que vem abaixo dele está protegido.

“O território, a qualidade da água, outros animais, outros predadores, herbívoros. Então, proteger a onça é você proteger uma área muito grande com muitas outras espécies junto”, destaca.

Para evitar os ataques cometidos pelos felinos, Albino articula que seja necessário fazer um cercamento, colocar luzes ou colocar a área de berçário do bezerro mais longe da área da floresta. “Mas primeiro a gente precisa aumentar nosso banco de dados para ter exatamente a melhor forma para poder evitar esses ataques”, assegura.

App monitora os ataques do maior felino das américas. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

O Projeto Hiwi com a geração de crédito de carbono é elaborado em quatro fazendas da região e orienta famílias sobre extrativismo sustentável e manejo agropecuário. A área de floresta é parte de mais de 20 mil hectares, destinadas ao mercado de crédito de carbono.

A expectativa é evitar mais de 5 mil hectares de desmatamento em 30 anos, o equivalente a 2,64 milhões de toneladas de CO2 emitidos na atmosfera. Nos próximos anos, o projeto deve gerar 60 mil créditos por ano, podendo chegar a 80 mil anuais até 2029. As onças estão envolvidas nesse projeto.

Nos últimos 10 anos, o Instituto Brasileiro do e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio do Centro de Triagem de Animais Silvestres de Rio Branco, resgatou sete onças. Quatro pardas e três pintadas, entre elas, onças criadas em cativeiros, salvas da comercialização ilegal e uma vítima de atropelamento.

As onças-pintadas Maiara e Maraisa não vivem mais na floresta. Elas estão no Parque Chico Mendes, em Rio Branco. Elas têm dois anos e foram resgatadas ainda filhotes, depois que a mãe delas foi morta por um caçador em Sena Madureira, no interior do Acre.

As onças não podem voltar para a natureza porque é a mãe que ensina a caçar e fugir. Elas deixam de ser consideradas filhotes quando atingem a maturidade sexual que, em média, para as fêmeas, são dois anos.

A bióloga Marinara explicou o processo que as pequenas onças passaram. “Elas ainda pequenininhas estavam sendo vendidas. E aí o Ibama fez a mediação, fez o resgate delas, elas passaram pelo Cetas, que é o Centro de Triagem de Animais Silvestres, e aí é o Cetas que direciona. Como a gente é o único zoológico na região, elas foram destinadas pra gente e a gente está com elas desde então”, informa.

Elas dependem de grandes áreas preservadas para sobreviver e cumprem um papel importante no equilíbrio do ecossistema da floresta, mas são consideradas ameaças por alguns fazendeiros devido a predação do gado em áreas de pastagem.

*Por Eldérico Silva, da Rede Amazônica AC

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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