Assinada pela jornalista Wérica Lima, reportagem premiada aponta a transfobia no mercado de trabalho e mostra a falta de políticas públicas para a garantia do direito a oportunidades para homens e mulheres trans (Foto: Sebrae Amazonas).
A Amazônia Real conquistou o segundo lugar na categoria texto na 10ª edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo – etapa estadual no Amazonas. A reportagem premiada é de autoria da jornalista Wérica Lima e mostra a falta de políticas públicas para garantir o acesso e a permanência de pessoas trans no mercado de trabalho. A reportagem “Como o mercado de trabalho exclui as pessoas trans” foi publicada em março deste ano e tem relatos e dados sobre a transfobia no país.
“Com esse prêmio, reafirmo meu caminho profissional no jornalismo independente. Não é um dos trabalhos mais fáceis, mas não há nada melhor do que de fato cumprir o papel social da profissão e poder dar espaço para as populações amazônidas”, disse Wérica após receber um troféu do Sebrae.
Ela destaca que a pauta sobre o mercado para pessoas trans surgiu a partir de um evento que seria promovido sobre a visibilidade trans. “Pensamos em como poderíamos abordar a temática e sair da curva que geralmente os veículos estão, onde abordam somente sobre a situação de vulnerabilidade social ou a visão estereotipada da pessoa trans”, diz. O apoio às questões LGBTQIAP faz parte da missão da Amazônia Real. A reportagem foi publicada no dia 1º de março deste ano e foram entrevistadas as seguintes pessoas: Wendy Dias, Thiago Costa, Swamy Almeida, Louise Manicongo e Minzo Serique.
Os vencedores da etapa estadual foram anunciados na terça-feira (15), em cerimônia que ocorreu na sede do Sebrae Amazonas. Foram premiados trabalhos nas categorias texto, vídeo e fotojornalismo. Os vencedores, nos primeiros lugares, foram os profissionais Luzimar Bessa Pinto, do Portal D24am, na categoria foto, com o trabalho “Negócios na rua realizam sonhos e garantem o sustento de empreendedores no AM; Luana Carvalho, do Jornal A Crítica, na categoria texto, com a reportagem “O Agro é delas”; e Matheus Morais Sena, da Rede Amazônica, na categoria vídeo, com a reportagem “Empreendedorismo Feminino”.
Na cerimônia, além dos primeiros colocados, foram anunciados os vencedores dos segundos e terceiros lugares de cada categoria. Na categoria foto, os premiados foram Jeiza Russo com a reportagem “Sem crise e sem preconceito”, publicado pelo jornal A Crítica; e Ricardo Oliveira, com a imagem da matéria “Lutheria social: escola ensina arte para comunidade da periferia de Manaus”, publicado pela revista Cenarium.
Na categoria texto, completou o pódio, além de Werica Lima, a repórter Simone de Souza Lima, com a reportagem “Negócios na rua realizam sonhos e garantem o sustento de empreendedores no AM’, publicada pelo portal D24am.
Na categoria vídeo, o segundo lugar foi para Larissa Silva, com a reportagem “Comunidade Trans e o Mercado de Trabalho”, publicada pelo jornal A Crítica; e o terceiro foi para Matheus Morais Sena, com o trabalho “Bioeconomia Amazonas”, publicado pela Rede Amazônica.
Na décima edição foram selecionadas matérias que apresentaram temas relacionados ao universo do empreendedorismo no Brasil, tais como produtividade e competitividade, inovação e startups, inclusão produtiva e sustentabilidade, transformação digital, políticas públicas e legislação, acesso a crédito e empreendedorismo social, com o tema central “A contribuição dos pequenos negócios para o desenvolvimento econômico e social do país”.
Para Wérica, o reconhecimento da reportagem é uma forma de se posicionar contra a exclusão das pessoas trans do mercado de trabalho e de outros espaços sociais. “O próprio Sebrae ainda precisa quebrar muitas barreiras e tem muito o que melhorar para atender essas pessoas, inclusive essa é uma das ressalvas que uma das fontes da reportagem, a Louise, faz”, ressalta.
Na opinião da repórter, a conquista do prêmio mostra que a Amazônia Real quebra barreiras e chama a atenção para a importância de temas como o abordado no texto. “São pessoas invisibilizadas e que sofrem violência diariamente. Decidiram empreender e estão todos os dias reafirmando seu lugar”.
Para Kátia Brasil, cofundadora e editora executiva da Amazônia Real, nenhuma premiação no país pode desconsiderar as questões da diversidade inclusiva, a equidade e a igualdade étnico-racial. “É preciso que o mercado dê oportunidade para os homens e mulheres trans. São pessoas que têm o direito de estudar e ter uma profissão digna. Esse tema, nesse momento, abre uma janela muito importante para as mídia independentes. Para o reconhecimento das diferenças”, disse.
Este ano, a premiação bateu recorde de inscrições no país, com 1.899 trabalhos, o que representa crescimento de 65% em comparação com o registrado na edição de 2022. Além das quatro categorias tradicionais (texto, áudio, vídeo e foto), este ano há uma premiação especial voltada para o tema empreendedorismo social.
No Amazonas foram 33 trabalhos inscritos, sendo 15 na categoria jornalismo em vídeo, 14 na de jornalismo em texto e quatro em fotojornalismo. O júri foi composto pelo jornalista Antonio Ximenes, pelo jornalista e assessor de imprensa Bruno Tadeu e pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas no Amazonas, Wilson Reis.
Na cerimônia, a diretora administrativa e financeira do Sebrae, Adrianne Antony, parabenizou os jornalistas pelos trabalhos apresentados. “Jornalismo livre é sinal de sociedade madura, é sinal de democracia. Mantenham vivo esse trabalho porque vocês são sim transformadores da sociedade”, disse.
Outros prêmios da Amazônia Real
Em fevereiro de 2023, a cofundadora da Amazônia Real, Elaíze Farias, foi uma das 10 pessoas de diferentes partes do mundo reconhecidas pelo Prêmio Anual Global de Defensora dos Direitos Humanos, concedido pelo governo norte-americano. Ela foi a única brasileira premiada.
No ano passado, a Amazônia Real foi o único veículo de comunicação do Brasil a ser indicado finalista ao 30º Prêmio Anual de Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF). No mesmo ano, as jornalistas Elaíze Farias e Kátia Brasil, fundadoras da agência, receberam o Prêmio Vladimir Herzog Especial. Além disso, também em 2022, a reportagem especial “Rondônia Devastada” recebeu menção honrosa na terceira edição do Prêmio IREE de Jornalismo pela qualidade do trabalho publicado. A mesma reportagem já havia sido finalista do 44º Prêmio Vladimir Herzog.
Também em 2022, Kátia foi finalista da 16ª Edição do Troféu Mulher Imprensa, na categoria “Liderança, diretora de redação ou fundadora de projetos jornalísticos”. Ela também ganhou o Prêmio Especialistas na Categoria Sustentabilidade e Saneamento.
Em 2021, Kátia e Elaíze foram premiadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) pela “determinação na defesa da Amazônia e de seus povos, e pela coragem com a qual encaram o jornalismo no Norte”. No mesmo ano, a série especial “Ouro do Sangue Yanomami’, produzida em parceria entre Amazônia Real e Repórter Brasil, ganhou o segundo lugar no 10º Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos. Além disso, Kátia ganhou o Prêmio Comunique-se na categoria Sustentabilidade. Autointitulada “Oscar do Jornalismo Brasileiro”.
Em 2019, o Prêmio Rei da Espanha de Meio de Comunicação de Maior Destaque da Ibero-América, foi concedido à Amazônia Real pela valorização do trabalho, a solidez e o prestígio da equipe de jornalistas que trabalha na Amazônia.
Veja aqui todos os prêmios já concedidos à agência.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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