Na 2ª Oficina de Jornalismo Socioambiental, os participantes foram convidados a produzir um relato sobre a experiência. O texto abaixo foi construído a partir das três melhores produções ( Foto: Juliana Pesqueira/Amazônia Real).
Por Liandre Coutinho, Gabriela Brasil e André Luiz Quintas, para Amazônia Real*
Manaus (AM) – A 2ª Oficina de Jornalismo Socioambiental, promovida pela Amazônia Real, mostrou a região Norte em sua pluralidade. O evento gratuito ocorreu de 19 a 21 de julho com o tema “Crise Climática e Carbono”, mas indo muito além disso. O evento contou com palestrantes de diversas áreas que lutam pela preservação do meio ambiente e que fizeram do auditório do Parque Municipal do Mindu, localizado no Parque Dez, um palco da expressão científica, jornalística e da força dos povos indígenas.
Neste exemplar urbano da diversidade amazônica, estudantes, jornalistas, ativistas e pesquisadores se reuniram para dialogar. Temáticas como a cosmologia indígena, as mudanças climáticas globais e muitas outras foram mediadas a partir da experiência dos palestrantes. Kátia Brasil e Elaíze Farias, renomadas jornalistas e fundadoras da Amazônia Real, mostraram a construção da agência e o início do jornalismo independente no Norte do País.
A oficina, conforme a fundadora Kátia Brasil, é uma forma de a agência “se aproximar dos jovens jornalistas e universitários”. “É a oportunidade deles conhecerem o processo de produção do jornalismo investigativo desde a pauta até a publicação de uma reportagem especial de grande impacto”, diz.
Wérica Lima e Juliana Pesqueira deram uma aula de como fazer jornalismo ambiental. Elas destacaram a importância de reconstruir a realidade que está sendo trabalhada, mas sem se prender totalmente ao roteiro. “A gente nunca sabe como a reportagem final vai ficar até chegar no local”, disse Wérica.
Alexandre Hisayasu, experiente jornalista investigativo, deu fortes relatos a respeito de sua experiência em terras dos Yanomami. “Vendo aquelas crianças, naquele estado, só pude ir para um canto e chorar”, disse Alexandre, relembrando a cobertura.
Os profissionais e lideranças de comunidades compartilham experiências, técnicas e saberes. Apesar das dificuldades de cada área, os relatos se atravessaram e apontaram para uma situação: a importância de ouvir aqueles que vivem e lutam na Amazônia. De acordo com a jornalista, comunicadora e lideranças indígena Ariene Susui Wapichana, é muito comum que veículos de comunicação, principalmente localizados nos eixos Sul e Sudeste, priorizem dar voz apenas às fontes oficiais e institucionais. Pedro Tukano e Vanda Witoto trouxeram a sensibilidade e ancestralidade em falas importantes sobre a luta dos povos indígenas.
Carlos Durigan, especialista em clima, palestrou a respeito das questões da mudança climática. Philip Fearnside, pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e colunista na Amazônia Real, completou com os seus estudos que preveem a aproximação de uma situação calamitosa com os avanços desenfreados do desmatamento e das queimadas na região amazônica.
Alberto César Araújo e Juliana Pesqueira trouxeram a visão fotográfica, finalizando a oficina com relatos, inspiração, indicações e dicas, principalmente de segurança, para aqueles que anseiam praticar o jornalismo investigativo e ambiental.
Ao longo de três dias, o evento amplificou a discussão sobre o aumento da temperatura dos oceanos, os incêndios na Amazônia, formas de fazer jornalismo investigativo na região, fotojornalismo decolonial e ancestralidade indígena.
Para os participantes, o evento permitiu a troca de conhecimentos, ideias e um respiro em meio às demandas da atualidade. Tais impressões estiveram gravadas em papéis expostos no auditório com palavras escritas à mão. Agora, a expectativa é de mais iniciativas que tratem da construção histórico-social da Amazônia, as suas crises, singularidades e como, jornalisticamente, potencializar as vozes que são parte dela.
A 2ª Oficina de Jornalismo Socioambiental colocou em pauta aquilo que deveria ser dever e responsabilidade de todo jornalista da região Norte: a preservação do meio ambiente, da floresta e dos povos que a habitam.
* Os estudantes de jornalismo Liandre Souza Coutinho e André Luiz Quintas são alunos da Ufam e Faculdade Martha Falcão/Wyden, respectivamente. Gabriela Brasil é recém formada em jornalismo pela Ufam. Eles participaram da 2a. Oficina de Jornalismo Socioambiental da Amazônia Real.
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