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ToggleHá momentos históricos lembrados pelo seu impacto em outras gerações, mas também pelo estranhamento que despertam.
Sabemos desde muito jovens que há diversas formas de provocar a ira de uma pessoa, por qualquer que seja o motivo, mas há uma regra que costuma permear as relações humanas: quanto mais infantil for o gesto, menor é o risco dele gerar consequências. Mas, no período em que os judeus foram dominados pelos romanos, esse raciocínio não foi sempre aplicado.
Um período em que as diferenças eram toleradas – mas só até certo ponto
Os judeus, assim como outros povos, foram abrangidos pela expansão dos domínios do Império Romano, que durante o primeiro século estava além do sul da Europa, passando pelo norte da África e em porções do Oriente Médio que eram mais próximas ao contorno do mediterrâneo, incluindo a cidade de Jerusalém.
Os povos dominados não viam os romanos com bons olhos, mas para muitos deles não havia escolha a não ser tolerar os soldados, pagar impostos e acatar as ordens recebidas. Ainda assim, apesar do poder ser dado como garantido, alguns eventos mostravam o ar de animosidade que se propagava no dia a dia.
Segundo o relato do antigo historiador Flávio Josefo, poucos anos antes que Nero assumisse o poder e a instabilidade do Império se tornasse evidente, ocorria um evento em Jerusalém. E ali, próximo ao templo da cidade, um soldado romano se virou de costas, deixou suas nádegas à mostra e disparou palavras ofensivas – tudo isso para apreciação dos judeus, que estavam em grande número.
Essa provocação universal, ou melhor, esse peido, foi levado bem a sério. Em questão de instantes, um grande confronto ganhou forma – mais um dos muitos ocorridos naquele primeiro século, vale dizer. Nesse relato, em específico, fica evidente que aquele dia foi terrível. Foi como se Marte, o deus da guerra, tivesse lançado uma faísca.
Uma faísca de fúria atingiu a multidão e disseminou o caos
“Com isso, toda a multidão ficou indignada e pediu a Cumano (governador romano) para que ele punisse o soldado; enquanto a parte mais imprudente da juventude, aquela que era naturalmente a mais tumultuada, começou a lutar, pegou pedras e as jogou nos soldados. Cumano temeu que todo o povo o atacasse, e mandou chamar mais homens armados.”
Flávio Josefo ainda detalha como tudo acabou: “os judeus ficaram muito consternados; e sendo expulsos do templo, correram para a cidade; e a violência com que se aglomeraram para sair foi tão grande que se atropelaram uns aos outros e se apertaram, até que dez mil deles foram mortos, de modo que esta festa dos pães ázimos se tornou motivo de luto para toda a nação.”
Ou seja, o que ficou registrado para a posteridade é espantoso: pelo menos dez mil pessoas acabaram mortas a partir dessa provocação — o que, dentro de um ponto de vista absurdo, mas não de todo errado, torna esse o peido mais mortal da história. Isoladamente, esse “estopim”, considerado cômico por tantas vezes, desdobrou-se num episódio de terror generalizado.
De toda forma, trata-se de um acontecimento bastante infeliz que mostra como o domínio pelos romanos definitivamente não foi aceito pelos judeus. Mesmo durante um dos momentos em que o Império apresentou sua maior extensão territorial, em meio a tensões que se acumulavam, qualquer gesto poderia gerar efeitos desastrosos.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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