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a famosa praça do Centro de Manaus

a famosa praça do Centro de Manaus

Praça Tenreiro Aranha, em Manaus. Foto: Adneison Severiano/Acervo Rede Amazônica AM

Símbolo da memória urbana de Manaus (AM), a Praça Tenreiro Aranha atravessa mais de 170 anos de história, mudanças políticas e transformações na paisagem. Localizada no Centro Histórico da capital amazonense, ela é um reflexo vivo da evolução da cidade e da luta pela preservação do patrimônio local.

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Entre as ruas Marquês de Santa Cruz, Guilherme Moreira, Theodoro Souto e Marcílio Dias, a praça é um dos espaços públicos mais antigos da cidade, de 1845, quando o terreno foi desapropriado para dar lugar à então Praça Nova, em meio ao processo de expansão urbana de Manaus ainda na época provincial.

“A área ficava próxima à antiga ponte de madeira dos Remédios, junto à orla do Rio Negro, e suas origens estão ligadas à expansão urbana da década de 1840”, revelou o historiador Allan Carneiro ao Portal Amazônia.

Com o passar das décadas, a praça foi ganhando importância como espaço logístico e simbólico. Em 1865, foi batizada como Praça Tamandaré, em homenagem ao almirante da Marinha, e recebeu aterros, calçamento e uma rampa para facilitar o desembarque de cargas e passageiros, especialmente com o avanço do ciclo da borracha.

Entre 1873 e 1879, o calçamento foi reconstruído para atender à crescente movimentação fluvial e urbana. A urbanização mais acentuada da praça viria a partir de 1881, quando o primeiro jardim da área foi projetado pelo Dr. Turbino de Azevedo, conforme cita o pesquisador Mário Ypiranga Monteiro no livro ‘Roteiro Histórico de Manaus’.

Poucos anos depois, o superintendente municipal Coronel Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa promoveu melhorias no espaço, reforçando seu valor como ponto de convivência da cidade.

Leia também: Onde estão as estátuas que representavam o passado e futuro em praça de Manaus?

A estátua de Tenreiro Aranha

Monumento à Província do Amazonas. Foto: Reprodução/livro ‘Roteiro Histórico de Manaus’

No início do século XX a praça assumiu seu papel mais simbólico, e em 1906 o espaço foi remodelado para receber uma estátua em homenagem a João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas, oficializada pela Lei Imperial de 5 de setembro de 1850. 

Tenreiro Aranha, nascido no Pará em 1798 e falecido em 1862, foi filho do poeta Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha e um dos grandes defensores da elevação da comarca do Rio Negro à categoria de província, além de atuar na viabilização da navegação a vapor no rio Amazonas.

Segundo Ypiranga Monteiro, a estátua em bronze, que retratava o homenageado com o olhar voltado para o encontro dos rios Negro e Solimões, foi fabricada na Itália e inaugurada em 5 de setembro de 1907, durante a gestão do governador Constantino Nery e com a presença do filho do homenageado, o deputado Bento Aranha.

O monumento havia sido inicialmente reservado para a Praça 5 de Setembro (conhecida como Praça da Saudade), no entanto, foi a Praça Tamandaré que acabou acolhendo a homenagem a Tenreiro Aranha.

Com a inauguração do monumento, a praça passou por reformas no calçamento, arborização com palmeiras e figueiras, e ganhou novo prestígio público. Em 1921, por lei municipal, o espaço passou a se chamar oficialmente Praça Tenreiro Aranha.

Apesar de seu valor histórico, a praça enfrentou o abandono, e em 1932 a estátua de Tenreiro Aranha foi transferida para a Praça da Saudade, esvaziando o caráter simbólico do local. Nos anos seguintes, propostas urbanas tentaram apagar a praça do mapa. Em 1946, por exemplo, um decreto municipal chegou a autorizar a construção de um hotel no local, o que foi revertido após críticas públicas.

Durante a década de 1970, a área foi convertida em estacionamento público, o que descaracterizou completamente o espaço como jardim histórico, fato lamentado por urbanistas e historiadores.

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Feira de artesanato indígena da Praça Tenreiro Aranha. Foto: Reprodução/ Artesanato Manaus

A partir dos anos 1980, um novo capítulo começou a ser escrito e o Pavilhão Universal, antes localizado na Praça Ribeiro da Cunha, foi transferido para a Praça Tenreiro Aranha. Com ele, veio a instalação de uma feira de artesanato indígena e cabocla, o que reaproximou o espaço de sua vocação popular e praça ganhou o apelido de ‘Praça do Índio’, por abrigar vendedores, artistas e artesãos da região.

De acordo com o historiador Allan Carneiro, a estrutura do pavilhão foi restaurada em 2008 e, em 2016, seis oitizeiros [árvore conhecida como Oiti (Licania tomentosa)] foram transplantados para enriquecer o paisagismo, marcando um esforço de recuperação ambiental e estética da praça.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar (com informações do livro ‘Roteiro Histórico de Manaus’, de Mário Ypiranga Monteiro)

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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