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A desnacionalização da energia - Amazônia Real

A desnacionalização da energia – Amazônia Real


A multinacional americana New Fortress Energy abriu duas frentes de investimentos na geração de energia a partir de gás natural em dois pontos extremos do Brasil: em Santa Catarina, no Sul, e no Pará e Amapá, no Norte.

Em Santa Catarina, entrou em operação o Terminal Gás Sul, uma aposta da empresa em nos novos leilões de termelétricas e na demanda do setor industrial para monetizar a planta de regaseificação. Por enquanto, o TGS só tem garantia de consumo d uma minúscula parte da sua produção: exatamente 1%.

Na semana passada, a NFE inaugurou o terminal de regaseificação de Barcarena, no Pará, projeto completamente isolado da malha interligada de gasodutos do Brasil. Esse terminal vai atender apenas de imediato apenas dois grandes clientes regionais: a refinaria de alumina da Hydro Alunorte, que é a 17 ª maior consumidora nacional no mercado livre de energia, e a termelétrica Novo Tempo, a maior do país, com potência de 624 megawatts, cuja construção, pela própria NFFE, no mesmo local, deverá ser concluída no próximo ano.

Ela poderá logo ser ampliada, permitindo a distribuição de GNL em pequena escala, via caminhão ou via fluvial, a partir de 2025, e também indústrias menores localizadas próximas ao porto de Barcarena e no interior do Estado.

No Amapá, a empresa americana pretende atender projetos termelétricos supridos através de via fluvial, tirando partido da contratação compulsória de térmicas, prevista na lei de privatização da Eletrobras.
O empreendimento suscita questões e dúvidas que não parecem ter interessado a opinião pública, apesar de sua relevância e da sua característica de mudança e inovação. A própria dimensão dos negócios não parece ter sido percebida. Os dois projetos são de grande dimensão, mas seu tamanho crescerá ainda muito mais se incorporar a Albras, outra empresa instalada em Barcarena, a maior produtora de alumínio primário do Brasil e a 8ª do mundo, também de propriedade da Hydro.

A Albrás é responsável pelo consumo de 3,3% da energia comercializada no mercado livre de energia do Brasil. Sua demanda, de 820 MW, supera em 200 MWA a capacidade da termelétrica a gás da Alunorte.

Outra marca quase única dos dois projetos é serem controlados, desde o transporte, o recebimento do gás em terminal privativo e o uso da matéria prima, pelas duas multinacionais. A pretexto de usar o gás para descarbonizar a atividade produtiva, de alumina e alumínio, elas ignoraram a geração (com potência máxima de 2,2 mil MW, e pouco mais de 1 mil MW médios) da primeira e da segunda hidrelelétricas 100% nacionais, Belo Monte e Tucuruí, ambas também no Pará.

Tinha-se como certo de que a energia de fonte hídrica é a mais barata e a mais limpa que existe, mesmo com todos os seus impactos ambientais e sociais. Seu desempenho ecológico (e de custo) é menor do que as fontes alternativas em vento e luz solar, mas sem condições de sofrer competição quando o objetivo é suprir grandes consumidores, como a Albras e a Alunorte.

Surpreendente é também a participação do principal banco estatal de investimento do país na composição do esquema financeiro de duas multinacionais. O BNDES comprometeu um bilhão de reais com o terminal inaugurado na semana passada e R$ 1,3 bilhão com usina de energia a gás. As duas multinacionais não tinham condições de realizar os projetos com seus próprios capitais de risco?


A imagem que abre este artigo é de divulgação da empresa New Fortress Energy.


Além de colaborar com a agência Amazônia Real, Lúcio Flávio Pinto mantém quatro blogs, que podem ser consultados gratuitamente nos seguintes endereços:

lucioflaviopinto.wordpress.com – acompanhamento sintonizado no dia a dia.A

valeqvale.wordpress.com – inteiramente dedicado à maior mineradora do país, dona de Carajás, a maior província mineral do mundo.

amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.

cabanagem180.wordpress.com – documentos e análises sobre a maior rebelião popular da história do Brasil.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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