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Após incêndio na COP30, Zona Azul é reaberta e negociações retomam sexta

Após incêndio na COP30, Zona Azul é reaberta e negociações retomam sexta


Belém (PA) – Um incêndio de grandes proporções atingiu, na tarde de quinta-feira (20), o Pavilhão dos Países na Zona Azul da COP30, em Belém do Pará. O foco começou no Pavilhão da Índia e se espalhou para o Pavilhão da África. Houve evacuação total da área restrita da Organização das Nações Unidas (ONU), resultando na paralisação de todos os trabalhos e negociações finais da Conferência do Clima. Às 20h40, houve a reabertura do pavilhão, mas as plenárias só serão retomadas nesta sexta-feira (21), data prevista para o fim da COP – poucos acreditam que esse prazo será cumprido.

O fogo se concentrou na região que abriga os stands das nações, consumindo parte da cobertura do pavilhão, formada por lonas inflamáveis. Às 14h15, a jornalista e cofundadora da Amazônia Real disparou no grupo de cobertura no Whatsapp: “Incêndio no Pavilhão da Índia para Zona Azul. Estamos bem. Muitos carros dos Bombeiros”.

Em cerca de 30 minutos (6 minutos, segundo a organização), segundo a organização da COP30, as chamas foram controladas, graças à atuação das equipes de segurança e dos bombeiros. Não houve feridos graves, mas muitos inalaram os gases tóxicos do incêndio. Dezenove pessoas receberam atendimento por inalarem fumaça e duas por crise de ansiedade, mas foram atendidas no próprio espaço, segundo os organizadores. Ninguém ficou ferido pelas chamas.

Segundo Kátia, a equipe da Amazônia Real estava na Sala de Imprensa da Zona Azul, onde havia cerca de 500 pessoas, quando a segurança do evento ordenou a evacuação imediata. A única porta de saída de emergência estava ao lado de geradores de diesel. “Quando saímos, já na parte externa, ao lado da saída de emergência, pudemos ver muita fumaça, gente vindo de tudo o que é lado. Muita agonia e um sentimento que não dá pra descrever, pela quantidade de pessoas que estão aqui ainda tentando sair”, descreveu.

A jornalista da Amazônia Real relatou que a única porta de saída de emergência estava ao lado de geradores de diesel e  o fogo só não se alastrou mais devido ao tecido anti-incêndio da estrutura da área. “Mesmo assim era muita fumaça. A imprensa toda pegando seus equipamentos, muita gente nem quis filmar. Depois de andar muito, porque é tudo longe, até chegar no hangar, a gente consegue pegar uber, táxi. Aquelas grades para que os indígenas não entrassem mais acabou atrapalhando a saída porque a gente ficou em corredores”, disse Kátia. Houve relatos de que não foram acionadas sirenes de incêndio.

A área interna da COP30 já estava totalmente isolada logo após o incêndio, mas muitos carros do Corpo de Bombeiros continuavam chegando ao redor das 15h30. Acompanhada da filha, Txai Suruí, a historiadora e uma das fundadoras da Associação Kanindé, Neidinha Suruí, disse a Kátia, já do lado de fora: “Em 10 COPs que já passei, nunca vi isso. Tinha que ser no Brasil”.

O editor de fotografia da agência, Alberto César Araújo, esteve próximo ao foco do combate do incêndio pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará e foi informado pelo Chefe de Segurança da ONU que as chamas começaram no Pavilhão da Índia e logo se espalharam para o Pavilhão da África, tomando grandes proporções. 

Perícia ainda será realizada

Incêndio começou no início da tarde desta quinta-feira no pavilhão da Índia e se alastrou para o pavilhão da África (Foto: reprodução de vídeos das redes sociais).

O Ministro do Turismo, Celso Sabino, disse em entrevista à imprensa, transmitida pela Globo News, que o fogo começou provavelmente por conta de um celular carregado em uma tomada e que isso “nunca vai macular essa COP”. Segundo ele, o fogo foi totalmente controlado em 15 minutos e o sistema de contingenciamento “mostrou-se eficiente”. Os próximos passos, conforme o ministro, são a liberação do espaço, a partir da perícia realizada pelo Corpo de Bombeiros. Não há previsão de quando os trabalhos vão ser retomados. 

De acordo com uma mensagem oficial da organização da COP às 14h48, as dependências do incêndio “estão agora sob total responsabilidade do país anfitrião, não mais sendo consideradas uma Zona Azul” da ONU. Essa medida permite que as autoridades locais, como brigadistas de incêndio e peritos, pudessem atuar livremente. Mas à noite a área voltou a ser considerada território das Nações Unidas.

Segundo a repórter Cristina Serra, também da equipe de cobertura da Amazônia Real, todos os estúdios de TV foram esvaziados e os jornalistas foram obrigados a sair apenas com os equipamentos mais leves. Uma grande muralha de policiais do Pará passou como um “rolo compressor”, exigindo a evacuação do local por todos os presentes. Eles faziam um cordão para o grupo de segurança da própria ONU, que vinha logo atrás. A equipe de reportagem recebeu um vídeo mostrando que, pelo menos em alguns pontos, as saídas estavam inacessíveis e muitas pessoas tiveram que pular o alambrado para deixar o local.

Em vídeos que circulam nas redes sociais, muitas pessoas correram gritando desesperadas pelos corredores da Zona Azul para evitar serem atingidas por pedaços das instalações que estavam desabando com o fogo.

Pelo Instagram, o jornalista Mateus Fernandes contou que estava num evento próximo de onde começou o incêndio. “Não tinha um plano de evacuação. Fiquei preso, inalando fumaça. Tanta militarização aqui para assegurar o quê, segurança de quem? A gente estava num painel, quando começou o incêndio do nosso lado. Não tinha saída de emergência. Tinha gente caindo. Não tinha ambulância”, relatou Fernandes.

Negociações climáticas serão retomadas na sexta-feira

Incêndio na Zona Azul começou no Pavilhão da Índia (Foto: Alberto César Araújo/ Amazônia Real).

Havia autoridades dentro do espaço da COP30, como a ministra Marina Silva (Meio Ambiente). A Zona Azul é uma área restrita. É o espaço sob gestão da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), onde ocorrem as reuniões, as plenárias e os encontros bilaterais que definem os compromissos climáticos globais. 

Com a ordem de evacuação, as discussões em curso foram paralisadas. A maioria dos negociadores deixaram a área de trabalho da Zona Azul e foram para outros espaços protegidos. A área de negociações não foi atingida. Em comunicado às 15h25, a COP30 confirmou a ordem de evacuação completa.

A Zona Azul foi restabelecida e voltou a funcionar às 20h40 desta quinta-feira. A reabertura ocorreu após o Corpo de Bombeiros inspecionar e considerar o local seguro. Assim, as autoirdades brasileiras restabeleceram as condições operacionais e devolveram a área à UNFCCC. Pessoas que deixaram o local às pressas voltaram para apanhar seus pertences. A Zona Verde permaneceu aberta e funcionando. Não haverá atividades plenárias na noite desta quinta. As sessões da sexta-feira serão abertas às Partes e transmitidas online, informou a Assessoria de Imprensa da COP30 às 20h50.

O governo brasileiro já gastou 787 milhões de 1 bilhão de reais previstos para a organização do evento em Belém. Em um convênio firmado sem licitação, a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) ficou responsável pela montagem da estrutura para a COP30, incluindo as Zonas Azul e Verde. O convênio tem valor de 480 milhões de reais. A OEI subcontratou outras empresas para erguer os pavilhões.

Na semana passada, a ONU enviou uma carta ao governo brasileiro com críticas à estrutura e segurança da COP30. A carta foi escrita pelo o secretário da UNFCCC (braço de clima da ONU), Simon Stiell. Ele citou problemas nas instalações de ar-condicionado e vazamentos de água em alguns locais da Zona Azul e exigia um plano de ação para corrigir as falhas. Em resposta, o presidente da COP30, André Correa do Lago informou que os problemas haviam sido solucionados. 

* Texto atualizado após a COP30 divulgar nota à imprensa às 21h20.


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As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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