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Otimismo sobre centralidade do oceano na COP30 precisa chegar às políticas climáticas

Otimismo sobre centralidade do oceano na COP30 precisa chegar às políticas climáticas

Belém (PA) – A mais importante reunião para definir a implementação de metas para que o planeta não ultrapasse o aquecimento de 1,5 oC começou nesta segunda-feira (10) em Belém, com o esvaziamento de chefes de estado, que já haviam se encontrado na semana anterior na Cúpula de Líderes. O oceano já entrou nos discursos e documentos da Cúpula do Clima de Belém e foi mencionado pelo presidente da COP30 em seu discurso de abertura, indicando que não há combate aos impactos das mudanças climáticas sem o oceano. A expectativa é que nas políticas a serem definidas nesta semana ele esteja presente como peça-chave.

“Já conseguimos um passo bastante grande para o oceano, trazendo-o para o centro das discussões na COP30. Esperamos que essa importância seja levada também nas decisões finais, que ele apareça como o grande contribuidor para combater a crise climática”, enfatizou Marinez Scherer, Enviada Especial da Presidência da COP30 para o oceano.

“O oceano regula o clima e nos ajudou a entender que estava ocorrendo uma crise [climática]. Se acharmos soluções para o oceano, a crise climática começará a regredir”, enfatizou Lorna Inniss, coordenadora da Secretaria regional para a região do Caribe da Comissão Oceanográfica Intergovernamental (IOCaribe) da Unesco.

Até aqui, os debates e decisões das COPs anteriores estavam voltados para as florestas, mas essa tem sido chamada de a COP do Oceano. “Nos últimos 30 anos, as políticas separaram o que não pode ser separado: os rios, o solo, o clima, a biodiversidade e o oceano, que não têm fronteiras. Quando se coloca barreiras, cada um olha de sua perspectiva, e não se olha as complexidades do sistema”, pontuou Patrícia Suárez, do povo Muriú, na Amazônia colombiana, e representante do Instituto InterAmericano de Pesquisa sobre Mudanças Globais (IAI). Segundo ela, o momento é de materializar as tomadas de decisões, pois os impactos das mudanças climáticas estão em curso e os povos indígenas correm sério risco de desaparecer. 

Patrícia representa 59 comunidades indígenas amazônicas e defende a urgência de ações que garantam a existência de seus territórios e a colaboração entre conhecimentos indígenas e a ciência. “Os povos indígenas que represento já revisaram os documentos em negociação e temos que encontrar formas sobre como os governos podem gerar ações afirmativas que terão impactos reais nos territórios indígenas”, enfatizou. 

O caminho do oceano

O Pavilhão do Oceano existe desde a COP28, em Dubai, para sensibilizar políticos e delegações sobre sua importância, mas é a primeira vez que o debate ganha lugar na programação oficial. Nos dias 17 e 18, os espaços de tomada de decisão estarão centrados nas florestas, oceanos e biodiversidade, incluindo as comunidades tradicionais e locais. “Precisamos lembrar o quanto já caminhamos, porque tendemos a focar no que ainda há por fazer”, lembrou Lorna.

Nesta COP há mais espaços dedicados ao oceano, além do Pavilhão do Oceano, que segue crescendo, como a Casa Vozes do Oceano, inaugurada no último dia 12 como espaço de debate, cultura, divulgação e fortalecimento da comunidade oceânica. 

Heloisa Schürmann, velejadora e defensora do oceano, tem boas expectativas sobre as decisões que serão tomadas na semana esta semana. “Os líderes precisam se conscientizar que as mudanças de clima estão aí e temos que trabalhar efetivamente com muitas boas ações e leis que sejam executadas para mudar esse panorama do que está ocorrendo com o nosso planeta. Tenho esperança de que vamos conseguir esta grande vitória”, defendeu.  

Há 4 anos, a família Schurmann lançou a iniciativa Vozes do Oceano, em expedições pelo mundo para monitorar e combater a poluição plástica, além de dar grande visibilidade pública às questões que impactam a saúde do oceano. No dia 17 serão divulgados os resultados da pesquisa sobre a presença de microplásticos em bivalves (animais de corpo mole que vivem entre duas conchas) na costa brasileira em colaboração com a Universidade de São Paulo, por meio da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano.

Presente na Casa Vozes do Oceano, estava Alice Pataxó, embaixadora pelo Oceano pela WWF-Brasil e ativista indígena da aldeia Tibá no Sul da Bahia. “Espero que o oceano seja colocado como uma prioridade do Brasil e que a juventude oceânica tenha protagonismo, tenham voz dentro desses espaços decisórios, porque estamos num lugar muito vulnerável, de afastamento do mar das relações sociais e que são relações degradantes para os territórios”, afirmou.

A comunidade oceânica está bem representada e atua com afinco para sensibilizar as delegações que nesta semana definirão políticas e acordos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Saiba mais sobre a programação da COP30 sobre o oceano:

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