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Belém, depois dos tapumes - Amazônia Real

Belém, depois dos tapumes – Amazônia Real


“Quem quer luxo teve a oportunidade de ir à COP em Dubai, quem quer viver a experiência da Amazônia vai ter a oportunidade de conhecer Belém”, declarou o governador Helder Barbalho ao UOL. Não foi uma frase feliz. Os participantes do encontro não conhecerão a Amazônia se ficarem apenas na capital paraense.

São tênues os seus vínculos com o interior da região. Não por caso, duas grandes áreas do Estado, o Tapajós e Carajás, tentam, há muitos anos, sem sucesso, se separar de Belém, cuja falta de legitimidades para manter a atual configuração territorial paraense, principalmente pela intensa migração interna rumo a outros destinos, é evidente.

Ficando exclusivamente em Belém, nem assim a maioria dos visitantes terá condições de estender sua viagem aos municípios mais distantes. O Pará tem a segunda maior extensão do Brasil, superado apenas pelo seu vizinho, o Amazonas, por incrível que pareça, excluído da programação da COP 30. Os 323 mil quilômetros quadrados de habitantes a mais do que os Pará (e 500 mil a mais em relação à capital paraense). É praticamente a o mesmo tamanho do Maranhão também vizinho (e também pobre).

Mesmo sem sair de Belém, poucos dos 50 mil esperados para a conferência terão possibilidades de ter uma visão realista da cidade, com 1,2 milhão de habitantes. A capital tem a maior favela vertical do país e um dos menores índices de saneamento. Esse é o perfil da periferia, com sua extrema pobreza, violência e abandono.

Dos 4,7 bilhões de reais de investimento foi realizado para maquilar a urbe e assim destacar o que é belo e atraente no “quadrilátero das mangueiras. Os olhares menos exigentes não atentarão para o fato de que o embelezamento do point da elite não permitirá ao turista apressado saber que antes ali havia um esgoto a céu aberto, onde os habitantes mais privilegiados faziam seu jogging.

O embelezamento da Doca custou 310 milhões de reais, praticamente o mesmo dinheiro aplicado no saneamento e retificação de um canal próximo ao campus da Universidade Federal do Pará (UFPA). E uma vez e meia ao custo de um pronto socorro numa ampla avenida entre dois mundos: o dos ricos e o dos pobres ou remediados.

Depois que a COP passar o que ficará dela para transformar Belém?


A imagem que abre este artigo mostra a cidade de Belém, em 21/07/2025 em primeiro plano, as casas da periferia e os canais dos igarapés que cortam a cidade, ao fundo os prédios na parte mais rica da cidade (Foto: Rafael Medelima/COP30 Brasil).


As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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