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Museu Goeldi e USP propõem criação de Instituto Nacional da Foz do Amazonas

Museu Goeldi e USP propõem criação de Instituto Nacional da Foz do Amazonas

Foco do Instituto Nacional da Foz do Rio Amazonas (Infa) é na produção e articulação do conhecimento científico sobre essa ecorregião. Imagem: Reprodução/Google Maps

Em um momento decisivo para o futuro ambiental do Brasil, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) lançam o documento “Cenários Estratégicos para a Ampliação do Conhecimento Científico e Proteção da Biodiversidade da Foz do Rio Amazonas”. Trabalho foi entregue ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) durante evento dia 20 de agosto em Belém, no Pará.

Resultado de uma mobilização inédita entre pesquisadores, lideranças tradicionais, gestores públicos e representantes da sociedade civil dos estados do Amapá, Maranhão, Pará e São Paulo, o texto responde à necessidade de intensificar os cuidados com a região diante da possibilidade de exploração de petróleo no local.

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Instituto Nacional, Mosaico de Áreas Protegidas e outras propostas

São propostas duas frentes de ação específicas:

  • A criação do Instituto Nacional da Foz do Rio Amazonas (Infa), voltado à produção e articulação do conhecimento científico sobre essa ecorregião;
  • A implantação de um Mosaico de Áreas Protegidas Marinhas, um conjunto de áreas com diferentes níveis de uso:
    1. Corredores Ecológicos – Áreas para proteção da fauna ameaçada;
    2. Áreas de Desenvolvimento Sustentável – Espaços para uso organizado e sustentável dos recursos;
    3. Áreas de Proteção Integral – Zonas de refúgio para a vida silvestre, em harmonia com atividades econômicas importantes para a região.

Além dessas iniciativas, o grupo propõe outras 18 grandes estratégias que visam integrar conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e inclusão social. Entre os pontos mais relevantes, estão o fortalecimento da pesquisa em rede entre instituições da região norte; a criação de sistemas para mapear áreas sensíveis e monitorar a biodiversidade; o envolvimento direto de comunidades tradicionais na gestão de áreas protegidas; e a promoção de um modelo econômico sustentável, com base na Economia Azul. 

“Trata-se de uma agenda ambiciosa e colaborativa para garantir a proteção e o uso sustentável de uma das regiões mais estratégicas para o equilíbrio climático e a biodiversidade global”, afirma Roseli de Deus Lopes, diretora do IEA-USP.

“A criação do Infa permitirá que o Brasil compreenda e monitore melhor esse ecossistema. E o Mosaico de Áreas Protegidas Marinhas trará segurança para comunidades humanas, ambientes, e espécies da flora e fauna que vivem em constante vulnerabilidade”, destaca Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi.

Foto: Reprodução/Youtube-Museu Goeldi

Foz do Amazonas

A Foz do Rio Amazonas representa um dos ecossistemas mais ricos e estratégicos do planeta: é onde o maior sistema fluvial do mundo encontra o oceano Atlântico, formando uma ecorregião flúvio-marinha de enorme biodiversidade e importância climática global.

A região abriga a maior floresta contínua de manguezais do mundo, recifes únicos, uma pluma de água doce que alcança o Caribe e espécies ameaçadas, como tartarugas marinhas, baleias, corais e tubarões. Além disso, comunidades indígenas, quilombolas e pescadores tradicionais mantêm, há séculos, formas de vida integradas ao território.

“A Foz do Amazonas é um ponto de convergência vital entre a Amazônia Verde e a Amazônia Azul. É também um território de saberes tradicionais e de desafios urgentes diante do cenário de intensificação e diversificação de atividades econômicas. Com esse plano, buscamos fortalecer a ciência e garantir que a conservação ande junto com a justiça social”, explica Alexander Turra, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP, responsável pela Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é a Foz do Amazonas?

“Este documento representa um esforço inédito de união entre ciência, saber tradicional e gestão pública. O que está em jogo aqui não é apenas um ecossistema – é o futuro das próximas gerações, que depende fundamentalmente do equilíbrio entre exploração e uso de recursos e da qualidade ambiental. Isso só pode ser alcançado com investimentos massivos no conhecimento científico da região”, destaca Nils Edvin Asp, professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador do Observatório para a Foz do Rio Amazonas (Rede ARMO/CNPq).

“O reconhecimento dos territórios tradicionais, como estratégicos para a conservação da biodiversidade, o respeito e a participação das comunidades tradicionais que vivem da pesca, do extrativismo e da relação direta com o manguezal na Foz do Amazonas é essencial para garantir o equilíbrio ambiental da região”, avalia Sandra Regina Pereira Gonçalves, pescadora e representante da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem).

Resultado de mais de um ano de ação do Grupo de Trabalho da Foz do Amazonas, parceria entre o IEA e o Museu Goeldi e formado por 19 especialistas de diferentes áreas, o documento sintetiza as discussões de dois grandes seminários realizados em Belém e São Paulo, que reuniram mais de 1.500 participantes entre cientistas, representantes de povos tradicionais, gestores públicos e cidadãos interessados.

O lançamento acontece em um momento decisivo para a região e para o Brasil, que em novembro sediará a COP 30 em Belém. 

Acesse o relatório aqui. 

*Com informações do Museu Goeldi

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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