Apesar de serem berçários da vida marinha, aliados no combate às mudanças climáticas, entre outras funções essenciais ao ecossistema, não é de hoje que os manguezais vêm sendo cada vez mais assolados pelo lixo urbano. Nas baías de Guanabara e Sepetiba, no Rio de Janeiro, mais de 45 toneladas de resíduos foram retiradas por pescadores e catadores de caranguejo, por meio da Operação LimpaOca. Em pouco mais de um ano, a força-tarefa resgatou mais de 1 milhão de itens descartados. No entanto, a ação alerta que se trata de apenas uma parte do que precisa ser feito pela despoluição total do ecossistema – como programas permanentes e investimentos pesados do Estado.
Iniciativa da ONG Guardiões do Mar, em convênio com a Transpetro, a operação LimpaOca tem como objetivo principal a limpeza dos manguezais da Baía de Guanabara durante o período de defeso do caranguejo-uçá – outubro a dezembro –, garantindo também uma renda extra ao pescadores participantes da ação. Eles recebem uma bolsa-auxílio para realizar a coleta durante duas manhãs semanais, por aproximadamente uma hora por dia. Segundo Rodrigo Gaião, gerente operacional do Projeto Do Mangue ao Mar, a bolsa-auxílio começou com R$ 800 na primeira ação, R$ 850 na segunda e será de R$ 900 na terceira.
Na Baía de Guanabara, a operação ocorre na ‘Ilha de Lixo’, onde plásticos, pneus, sofás e outros dejetos formam uma pilha acumulada, localizada a aproximadamente 20 quilômetros dos manguezais da APA de Guapimirim. De lá, foram retirados mais de 42.500 kg de resíduos, em 13 meses. A ação já contou, até agora, com a participação de 84 pescadores e catadores, de três comunidades do entorno: Saracuruna, em Duque de Caxias, Suruí e Guia de Pacobaíba, em Magé.
Já na Baía de Sepetiba, a mobilização é realizada na Ilha da Madeira, em Itaguaí, onde já foram coletados mais 3.100 kg de resíduos, em três meses, envolvendo 21 caiçaras.
Nessas operações, o período de coleta foi além do defeso, devido à extensão das áreas a serem limpas. Até agora, foram trabalhados 13 hectares: quatro na Baía de Guanabara e nove em Sepetiba. A Operação LimpaOca se estenderá até setembro deste ano, com mais uma turma de profissionais na Baía de Guanabara e duas na Baía de Sepetiba.
Para Rodrigo Gaião, além da importância para o ecossistema da retirada dos resíduos dos manguezais, a ação também permite a melhoria das condições de trabalho dos pescadores e catadores e o aumento da segurança no ambiente. Segundo ele, materiais como vidro, seringas, entre outros perfurocortantes, são comuns de serem encontrados. “Com a retirada desses resíduos, permite-se também que caranguejos ocupem áreas antes tomadas pelo lixo. Mesma coisa com as mudas de manguezal, que encontram espaço para se fixar e crescer. Percebemos então que a ação alavanca a sociobioeconomia, melhorando não só o ambiente como também a renda do catador e pescador”, completou.
No entanto, ele argumenta que, apesar da ação ser “uma ótima ajuda” ao permitir que os principais impactados com a poluição recebam auxílio para atuar, a solução para a poluição nas baías e regiões costeiras está na realização de ações conjuntas de todos os setores e uma melhora significativa na educação sobre resíduos e meio ambiente.
Segundo dados da pesquisa Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, realizada pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), a estimativa é que cada brasileiro produz, em média, 1 kg de resíduos sólidos urbanos por dia. E, infelizmente, muitos desses materiais vão parar nos manguezais. O plástico, a exemplo de edições anteriores da Operação, é o tipo de material mais encontrado, representando 98,48% do total de resíduos em unidades e 83,28% do total em peso, retirados das duas baías.
Veja outros tipos de resíduos coletados até agora.
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