Em fotos: Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é novo patrimônio natural da humanidade
Agamenon
A Unesco declarou o Cânion do Peruaçu, localizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, como Patrimônio Natural da Humanidade. A decisão foi tomada por unanimidade na tarde deste domingo (13), durante a 47ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada na sede da organização, em Paris. Formado por representantes de 20 países, o grupo destacou a beleza cênica e a singularidade do local como critérios determinantes para o reconhecimento internacional.
Esta é a nona área no país a ser reconhecida pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade – a segunda em menos de um ano. Em julho de 2024, Lençóis Maranhenses também conquistaram o título. “Trabalhamos intensamente para elaborar, em tempo recorde, um dossiê técnico robusto sobre o Cânion do Peruaçu para a Unesco”, afirmou Bernardo Issa, coordenador-geral do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente, em entrevista ao ((o))eco logo após a decisão do comitê.
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi criado em 1999 e possui uma área de 56.448 hectares, que compreende os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, na região norte de Minas Gerais, em uma área de transição entre Cerrado e Caatinga. A área reconhecida pela Unesco, o Cânion do Peruaçu, possui 38.003 hectares de extensão. Uma parte do parque onde vive o povo Xakriabá não foi apresentada no processo na Unesco porque as lideranças, que lutam pela demarcação, disseram não ao serem perguntados na consulta prévia, livre e informada. “Essa foi uma das questões que poderia barrar o reconhecimento da área, mas os países entenderam que ao retirar ⅓ da área da delimitação, estávamos respeitando a decisão dos Xakriabá”, explica Issa.
Segundo o coordenador, o Parque também possui capacidade de entrar na lista da Unesco como patrimônio cultural ou misto, que une o natural e o cultural, por causa dos registros de antiga ocupação humana no local, eternizadas nas pinturas rupestres presentes nas cavernas.“É um lugar único do mundo e um parque muito bem equipado para receber turistas, de forma limitada, com conselho consultivo instituído e atuante, uma gestão forte e população que vive dentro e no entorno do parque engajada pela preservação dele”, diz Bernardo Issa. “O reconhecimento da Unesco vai poder transformar a região em um polo de desenvolvimento local de uma forma mais integrada, já que essa joia estava ali, escondida e agora ela ganhou os olhos do mundo”, comemora.
Com a inclusão do Cânion do Peruaçu, o Brasil passa a contar com nove áreas reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. Além do novo sítio em Minas Gerais, integram a lista: Lençóis Maranhenses (MA), Pantanal (MT/MS), Amazônia Central (AM), Costa do Descobrimento (BA/ES), o conjunto das Ilhas Atlânticas (Fernando de Noronha e Atol das Rocas), Parque Nacional do Iguaçu (PR), Vale do Ribeira (PR/SP) e o complexo formado pela Chapada dos Veadeiros e Parque das Emas (GO).
O fotógrafo Lucas Nino esteve em Peruaçu em maio de 2024 e janeiro de 2025. Veja as belezas do mais novo Patrimônio Natural da Humanidade:
A vista aérea da entrada da Lapa do Rezar permite compreender a história geológica do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. A vegetação densa do cerrado e suas raízes profundas fraturam o calcário e facilitam a infiltração da água da chuva. A dissolução dessa rocha, por sua vez, acaba causando derrubamentos, que formam as cavernas e vales da região. Foto: Lucas NinnoUm turista é iluminado pela luz vinda de um das clarabóias no alto da Gruta do Janelão. Em algumas partes da caverna, fatravessada pelo Rio Peruaçu, o “teto” chega a 100m de altura. Foto: Lucas Ninno
Em uma noite estrelada, o biólogo Leonardo Quaresma ilumina uma das claraboias da Gruta do Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. A paisagem subterrânea dessa região se forma pela ação contínua das águas do cerrado sobre o calcário, dissolvendo a rocha e provocando desabamentos ao longo de 600 milhões de anos. Foto: Lucas Ninno
Alguns painéis de arte rupestre podem alcançar 10-15 metros de altura, intrigando visitantes sobre como os habitantes antigos chegaram a lugares tão altos. A resposta é mais simples do que parece: ao longo das eras a vegetação mudou muito e em locais como este, provavelmente haviam árvores altas próximas ao paredão, por onde os artistas escalavam. Foto: Lucas Ninno
Um Sagui-de-tufos-pretos, pequeno primata presente no cerrado, descansa sobre um galho na mata. Foto: Lucas Ninno
Os espeleotemas do Parque Nacional do Peruaçu podem alcançar formas incríveis como esta, que ganhou o apelido de “cogumelo”. Foto: Lucas NinnoAs cavernas são ambientes de risco até mesmo para alguns animais, como essa ave Juriti, que se perdeu na Lapa do Rezar e nunca achou a saída. A foto usa uma técnica de light painting, iluminando a carcaça do animal com um laser. Foto: Lucas NinnoO Arco do André é um dos pontos mais impressionantes do Parque Nacional do Peruaçu e também uma das maiores travessias, uma caminhada de nível difícil, com aproximadamente 11km de extensão. Foto: Lucas NinnoUma serpente conhecida como Azulão Boia captura uma Perereca-cabeçuda. Comum no Peruaçu, estas cobras não possuem veneno, mas são ágeis caçadoras. Em um lento processo de deglutição, podem demorar até 15 minutos para engolir completamente animais como este. Foto: Lucas NinnoO Lobinho, também conhecido como Cachorro-do-mato, é um dos canídeos possíveis de avistar nas trilhas do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Foto: Lucas NinnoA maior parte do Peruaçu é coberta por um grande manto de rocha calcária, que em alguns pontos “aflora”e fica exposta entre a vegetação. Foto: Lucas Ninno
A arte rupestre do Peruaçu mistura figuras de animais, representações humanas e padrões como linhas e trançados nas cores vermelha, preta, amarela e branca. Foto: Lucas Ninno
Em uma noite estrelada, o biólogo Leonardo Quaresma ilumina uma das claraboias da Gruta do Janelão, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. A paisagem subterrânea dessa região se forma pela ação contínua das águas do cerrado sobre o calcário, dissolvendo a rocha e provocando desabamentos ao longo de 600 milhões de anos. Foto: Lucas Ninno
Em alguns paredões como este, as figuras rupestre se acumulam e estão sobrepostas, mostrando que o abrigo já foi habitado por diferentes grupamentos humanos ao longo de milhares de anos. Foto: Lucas NinnoO biólogo e guia de cavernas Leonardo Quaresma atravessa a Lapa do Cascudo, gruta que faz parte do circuito do Arco do André, uma das travessias mais desafiadoras do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Foto: Lucas NinnoA representação de uma figura humana é uma das pinturas que mais chama atenção no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Estima-se que a arte rupestre encontrada nos paredões de calcário tenham entre 2.000 e 12.000 anos, e foram realizadas por grupos de coletores e caçadores de diferentes períodos históricos. Foto: Lucas NinnoGruta do Janelão. Crédito: Lucas Ninno
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