Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Explodem os casos de doenças respiratórias no Amazonas

Explodem os casos de doenças respiratórias no Amazonas

Só nas últimas três semanas foram 88 registros da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), mas os dados não indicam que seja uma nova onda de Covid-19. Movimento em frente ao Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus. (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real/2021)


Manaus (AM) – De 1º de janeiro de 2024 até 4 de janeiro deste ano, 85 pessoas morreram por vírus respiratórios em todo o Amazonas, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). Foram registrados 4.413 casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Mais de 80 ocorrências da síndrome foram confirmadas só nas últimas três semanas.

A SRAG é uma complicação de diferentes infecções virais, como gripe ou Covid-19. Entre os seus sintomas estão dificuldade para respirar, sensação de peso no peito e lábios arroxeados. Pode trazer também febre e perda de apetite. “Os dados sugerem que o vírus predominante não é o Sars-COV-2. As aglomerações de fim de ano e festividades da virada facilitam essa disseminação em período chuvoso”, explica o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia. No conhecido “inverno amazônico”, a região Norte enfrenta uma temporada de chuvas intensas.

Entre os vírus respiratórios identificados nas amostras laboratoriais divulgados em relatório pela FVS-AM no último 6 de janeiro, destacam-se: rinovírus (21,8%), adenovírus (5,8%), parainfluenza (3,4%) e coronavírus (1,1%). Pessoas com 60 anos ou mais, somando 26,7% dos casos estão entre as mais afetadas, seguidas pelas crianças menores de 1 ano (20%); crianças de 1 a 4 anos (13,3%); jovens de 10 a 19 anos (13,3%); e adultos entre 40 a 59 anos (13,3%).

As preocupações com a saúde respiratória no Amazonas se intensificaram desde o início da pandemia de Covid-19, decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020. O vírus, identificado pela primeira vez na China no final de 2019, chegou ao Estado pouco depois e tornou a região um dos epicentros da Covid-19 no Brasil. Em 13 de março de 2020, o governo do Amazonas anunciou o primeiro caso em Manaus, uma mulher que apresentou sintomas após retornar de uma viagem ao exterior.

Transporte de pacientes vindos de Manaus, capital do Amazonas, após o colapso do sistema de saúde do estado devido à pandemia de COVID-19. (Foto: Thiago Amaral/Amazônia Real/15/01/2021)

A pandemia deixou marcas permanentes e expôs a fragilidade do sistema de saúde amazonense, agravada por atitudes negacionistas do governo federal, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que minimizaram a gravidade do vírus e boicotaram a adoção de medidas como o distanciamento social e a vacinação em massa. 

No início de 2021, o Amazonas enfrentou uma de suas piores crises, com a falta de oxigênio hospitalar que resultou em centenas de mortes evitáveis e chamou a atenção do mundo para a negligência na gestão da saúde pública do Estado. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, instaurada em 2021, apontou falhas graves na gestão federal e estadual durante a pandemia. 

Acre em alerta

No Acre, temendo o período de chuvas para enfrentar o aumento de casos de Covid-19 e prevenir quadros graves, o governo, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), solicitou ao Ministério da Saúde (MS) o envio emergencial de 15 mil doses de vacinas.

Criança recebe a primeira dose da vacina contra a Covid-19. (Foto: Raphael Alves / Amazônia Real/17/01/2022)

No entanto, foi observado um aumento nas infecções respiratórias agudas, incluindo gripe sazonal, metapneumovírus humano (HMPV), infecção por rinovírus, vírus sincicial respiratório (VSR) e outros, particularmente nas províncias do norte chinês.

Na terça-feira (7), o Ministério da Saúde informou que acompanha “atentamente” o surto de metapneumovírus humano (HMPV) registrado na China. Segundo a pasta, o vírus responde por uma série de infecções respiratórias identificadas no País, sobretudo entre crianças.

“Até o momento, não há alerta internacional emitido pela OMS, mas a vigilância epidemiológica brasileira está em constante comunicação com autoridades sanitárias da OMS e de vários países, incluindo a China, para monitorar a situação e trocar informações relevantes”, disse a pasta.

Prevenção

Aplicação de vacinas contra a Covid-19, em Manaus (Foto: Marcely Gomes / Semcom-Manaus)

O pesquisador Jesem Orellana recomenda medidas que podem ajudar na redução da transmissão dos vírus. Em nível de serviços de saúde, o rastreamento e diagnóstico precoce de síndromes gripais segue sendo crucial, assim como a ampliação da vigilância laboratorial. 

No nível individual, o uso de máscaras como a PFF2/N95, especialmente entre indivíduos sintomáticos ou mesmo vulneráveis, como as pessoas com comorbidades, seguem sendo medidas que precisam ser incorporadas no cotidiano da população. 

“De todo modo, medidas sanitárias precisam ser tomadas constantemente, pois rinovírus, adenovírus e parainfluenza, por exemplo, também se disseminam e até matam”, alertou.

Jesem Orellana reforça que pela gravidade de eventos anteriores, a situação atual já deveria ter gerado resposta preventiva do governo há semanas. “É sempre assim, esperamos os casos graves e depois enxergamos a fração que a fraca vigilância mostra”, disse.

Para o pesquisador, é importante que a população faça a sua parte, procurando os serviços de saúde o mais breve possível em caso de sintomas. “Por outro lado, as autoridades sanitárias deveriam estar distribuindo máscaras amplamente em serviços de saúde e reforçando a vacinação para doenças respiratórias imunopreveníveis como Covid-19 e Influenza”, analisa.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) não respondeu às questões.


Para garantir a defesa da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão, a agência de jornalismo independente e investigativa Amazônia Real não recebe recursos públicos, não recebe recursos de pessoas físicas ou jurídicas envolvidas com crime ambiental, trabalho escravo, violação dos direitos humanos e violência contra a mulher. É uma questão de coerência. Por isso, é muito importante as doações das leitoras e dos leitores para produzirmos mais reportagens sobre a realidade da Amazônia. Apoie aqui: Doe aqui.


Republique nossos conteúdos: Os textos, fotografias e vídeos produzidos pela equipe da agência Amazônia Real estão licenciados com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional e podem ser republicados na mídia: jornais impressos, revistas, sites, blogs, livros didáticos e de literatura; com o crédito do autor e da agência Amazônia Real. Fotografias cedidas ou produzidas por outros veículos e organizações não atendem a essa licença e precisam de autorização dos autores.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
Ver post do Autor

Postes Recentes