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ToggleA crescente crença em visitas extraterrestres, antes vista como inofensiva, está se tornando um problema social. Pesquisas mostram que cada vez mais pessoas, especialmente nos EUA e Reino Unido, acreditam em avistamentos de OVNIs como prova de vida alienígena. Esse fascínio por teorias conspiratórias já afeta a política, com políticos americanos se sentindo pressionados a responder a essas crenças.
Aqui no Brasil não é diferente. Boa parte da população já ouviu falar, por exemplo, no ET de Varginha. Há ainda outras histórias famosas, como a “Noite Oficial dos OVNIs” — onde cerca de 21 objetos voadores não identificados foram detectados em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás — e a “Operação Prato”, em que a FAB passou 4 meses investigando aparições de OVNIs numa cidade do Pará.
Embora nenhum desses fatos tenham tido qualquer comprovação, eles reforçam as teorias conspiratórias. As teorias, por sua vez, sempre estão acompanhadas pela crença de que “o Exército e o governo estão escondendo algo”.
Apesar de parecer algo sem relevância num primeiro momento, os especialistas vêm comentando que isso tem se tornado um problema mais perigoso do que parece.
Enfraquecendo as instituições
Essa preocupação não é sem fundamento. O Dr. Tony Milligan, do King’s College London, argumenta que essa obsessão com visitantes alienígenas não é mais uma curiosidade inofensiva.
Em um artigo publicado recentemente, Milligan aponta que a proliferação dessa crença está criando um ruído de fundo que prejudica a comunicação científica legítima, além de fomentar narrativas perigosas que podem minar a confiança nas instituições democráticas.
Nos EUA, o Pentágono tem divulgado informações sobre Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs, na sigla em inglês), despertando o interesse público e político. No entanto, muitos desconfiam que o governo esconde a verdade sobre alienígenas, sentimento agravado por políticos como o senador Chuck Schumer, que patrocinou um projeto para revelar registros de UAPs.
Essa desconfiança faz parecer que os governos escondem algo, o que enfraquece a confiança nas instituições. Ela também contribui para a difusão de teorias da conspiração, como as que sugerem que uma cabala secreta está ocultando evidências de alienígenas, ou que tecnologia extraterrestre está sendo usada secretamente.
Esses pensamentos conspiratórios parecem inofensivos à primeira vista, mas podem gerar consequências graves, como vimos com a invasão do Capitólio em 2021. Algo semelhante ocorreu aqui durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando um coronel da Polícia Militar relatou que uma pessoa acampada em frente a um quartel afirmou ser “um extraterrestre infiltrado para ajudar o Exército a tomar o poder”.
Alcançando a ciência e a cultura
Outro problema gerado por essa crença generalizada em alienígenas é o impacto na ciência. A astrobiologia, que é o campo científico que estuda a possibilidade de vida fora da Terra, luta para ser ouvida em meio ao barulho causado pela ufologia e teorias de conspiração.
Enquanto programas como “alienígenas antigos” no History Channel atraem milhões, os canais oficiais de astrobiologia da NASA têm bem menos audiência. Aqui no Brasil, canais com milhões de seguidores também propagam essas teorias conspiratórias, criando um desequilíbrio em que a ficção, disfarçada de fato, supera a ciência em alcance e influência.
Além disso, a crença em visitantes alienígenas tem sequestrado narrativas históricas e mitológicas, especialmente as dos povos indígenas. Desde o século 20, histórias sobre OVNIs têm sido usadas para reescrever ou substituir as tradições autênticas de várias culturas, distorcendo a compreensão dessas comunidades sobre o mundo e seus próprios passados.
A ideia de que civilizações indígenas tinham tecnologia avançada “dada por alienígenas” desrespeita essas culturas e apaga suas conquistas. Esse sequestro cultural é parte de um problema maior, onde a crença em visitas alienígenas distorce a compreensão do passado e deturpa as tradições de comunidades inteiras.
Isso, combinado com o impacto no cenário político e na ciência, mostra que essa não é uma simples questão de fé em seres de outro mundo, mas um problema que afeta a sociedade de maneira profunda e real.
Milligan alerta que precisamos tratar essas questões com seriedade antes que se tornem mais prejudiciais. Embora o fascínio por OVNIs possa parecer inofensivo, o apego crescente a essas crenças como verdades está alimentando desinformação, desconfiança e a distorção de narrativas culturais, um problema que exige atenção.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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