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ToggleTrabalhando com pesquisadores japoneses, o professor brasileiro André Carrara Morandini, da Universidade de São Paulo, ajudou a descrever um novo tipo de água-viva. A nova espécie vive em uma estrutura vulcânica chamada Caldeira Sumisu, nas Ilhas Ogasawara, no Oceano Pacífico, a cerca de 460 quilômetros do sul de Tóquio.
A descoberta, publicada na revista científica Zootaxa, diz que o cnidário só foi avistado duas vezes, mas já fora o suficiente para ser descrito como uma espécie rara, batizada como medusa da cruz de São Jorge (Santjordia pagesi). O nome foi atribuído devido à forma de cruz em seu corpo quando o organismo gelatinoso é visto de cima, semelhante à cruz vermelha de São Jorge da bandeira inglesa.
A S. pagesi é transparente, como todas as águas-vivas, mas seu estômago é vermelho brilhante para garantir que suas presas bioluminescentes (característica comum em seres das regiões abissais) não possam ser detectadas por predadores após engolidas.
Como é a nova água-viva medusa da cruz de São Jorge?
“A espécie é muito diferente de todas as medusas de águas profundas descobertas até hoje. É relativamente pequena, enquanto outras nesse tipo de ambiente são muito maiores”, explicou Morandini em um comunicado.
O que torna a S. pagesi única dentro da ordem de medusas Semaeostomeae é a sua ropalia, estruturas sensoriais presentes em muitas águas-vivas, mas que nesta espécie estão localizadas na borda do corpo e na região subumbrelar, que fica abaixo daquela “sombrinha”, a parte em forma de sino do corpo da água-viva.
A medusa da Cruz de São Jorge tem cerca de dez centímetros de largura, sete centímetros de comprimento e cerca de 240 tentáculos. Mas as diferenças com outras águas-vivas não são apenas morfológicas. Segundo os pesquisadores, a nova água-viva pode ter um arsenal de venenos completamente diferentes dos conhecidos até agora.
Tentando proteger a nova água-viva
(Fonte: Lindsay et. al./Reprodução)
O zoólogo da USP teme pelo futuro da S. pagesi. A descrição do novo cnidário envolveu a coleta de um único espécime, feita em 2002 pelo ROV (Veículo Operado Remotamente) Hyperdolphin durante um mergulho. A região onde a Caldeira Sumisu está localizada é rica em minerais e tem grande potencial para exploração comercial.
Somente em 2020, outro exemplar da nova água-viva foi filmado por outro ROV, mas não capturado. A caldeira submarina só pode ser acessada por expedições científicas que tenham esses equipamentos especiais.
Mas, como os atuais exploradores não parecem ter esse tipo de preocupação, os cientistas decidiram publicar a descrição da S. pagesi para chamar a atenção sobre a biodiversidade da região. Para Morandini, a S. pagesi “talvez guarde segredos mais valiosos do que todas as riquezas minerais que poderiam ser extraídas daquele local. Tudo isto com a vantagem de manter a espécie e o sítio intactos”, destacou.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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