Os antequinos já são conhecidos por ter uma vida sexual bastante bizarra. Contudo, foi recentemente descoberto que a época de acasalamento dessas criaturas pode ser ainda mais estranha e sombria: os investigadores identificaram o primeiro caso de canibalismo da espécie após suas práticas sexuais.
A grande maioria desses pequenos marsupiais vive ao longo da Grande Cordilheira Divisória, na costa leste da Austrália. Ao todo, existem 15 espécies diferentes de antequinos, sendo que a maioria vive em árvores ocas e parece um rato comum. Mesmo assim, esse foi apenas o primeiro caso registrado na história de um rato-marsupial-australiano comendo outro ser semelhante.
Práticas sexuais bizarras
(Fonte: Getty Images)
O que realmente diferencia os antequinos de outros roedores é o hábito de acasalar tão intensamente a cada ano. Após maratonas de sexo, que duram horas a fio durante a temporada de reprodução de três semanas, todos os machos dessa espécie caem mortos. “Durante a época de reprodução, machos e fêmeas acasalam promiscuamente em ataques frenéticos que duram até 14 horas”, disse o pesquisador da Universidade de Queensland, Andrew Baker, em comunicado oficial.
Segundo Baker, a atividade sexual desses marsupiais faz com que o cortisol inunde descontroladamente os seus corpos, atingindo níveis patológicos. Embora os vigorosos hábitos sexuais desses ratos não fossem segredo para ninguém, o que surpreendeu os pesquisadores durante as observações foi o que aconteceu após algumas das longas sessões sexuais.
Duas espécies em particular, os antequinos swainsonii e antequinos-marrons, foram vistas comendo os seus camaradas mortos, no que se tornou a primeira evidência fotografada de tal comportamento nessas criaturas. Segundo os investigadores, esse tipo de prática pode ajudar as fêmeas grávidas e lactantes a obter alimentos ricos em energia e machos sobreviventes podem aumentar o peso e a condição física antes do início do seu próprio período de reprodução.
Processo de sobrevivência
(Fonte: Getty Images)
A grande maioria dos antequinos se reproduz em agosto, no final do inverno australiano. Nesse período, o acasalamento intenso queima calorias em uma época que faz frio e não há tanta comida disponível para esses animais. Por esse motivo, o canibalismo entre esses marsupiais torna-se um processo fundamental para a sobrevivência das espécies.
Afinal de contas, a carne animal proporciona bastante retorno energético para o investimento, especialmente se a fonte do alimento não precisar ser perseguida ou dominada antes de ser devorada. “O antequino visto alimentando-se de seu companheiro morto parecia vigoroso e corpulento, mas apresentava danos no olho direito e queda de cabelo nos braços e ombros, o que está associado ao declínio induzido pelo estresse nos homens”, disse Baker.
Segundo os investigadores, este é o segundo caso de comportamento canibal raro na Austrália capturado por câmeras científicas. Outro caso bastante famoso se deu em outubro de 2023, quando uma píton-de-cabeça-preta foi vista comendo uma versão menor de sua própria espécie enquanto esta ainda estava viva.
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