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Halloween: quando a festa era feita para unir casais

Halloween: quando a festa era feita para unir casais

Ao final de outubro, para marcar o início do inverno, os celtas, que viveram na Europa durante a Idade do Ferro, acendiam grandes fogueiras, faziam ofertas aos espíritos, colocavam máscaras, vestiam fantasias e faziam a colheita dos alimentos. Esse era o Samhain (pronuncia-se “sau-en”), festa cuja maior característica era a caracterização das pessoas, pois os celtas acreditavam que o véu entre o mundo dos vivos e o dos mortos ficava mais vulnerável durante a data, permitindo que os espíritos transitem livremente entre eles. Para se protegerem contra as más intenções de alguns, muitas pessoas se disfarçavam com máscaras e roupas assustadoras.

Essa festa foi feita até que a conquista romana e outros fatores históricos diluíssem a existência do povo celta na Europa, que não desapareceu sem deixar um legado imenso de influências que se estendem até hoje.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)

A cristianização da Europa manteve muitas festas pagãs consideradas tradicionais e culturais, como o Samhain, e a Igreja teve a tarefa de assimilá-las. Assim, surgiu a data comemorativa de All Hallows, conhecida em português como o Dia de Todos os Santos, comemorado todo 1º de novembro e feito para honrar os santos e orar pelos mortos, enfatizando a vida após a morte e a ressurreição. A véspera desse dia passou a se chamar All Hallows’ Eve, ou seja, a véspera de All Hallows. Com o tempo, o termo foi abreviado para Hallowe’em e depois para Halloween.

Foi essa forma de escrita do nome da celebração que chegou nos Estados Unidos na bagagem dos imigrantes irlandeses e escoceses durante as ondas migratórias no início do século XIX.

Para muitos não é mistério que o Halloween é uma festa de origem celta. Poucos sabem, no entanto, que uma tradição significativa dessa data não sobreviveu com o tempo: o Halloween já foi feito para unir casais.

Pedindo ao destino e às estrelas

(Fonte: Pelicano/Reprodução)(Fonte: Pelicano/Reprodução)

Esqueça as doçuras ou travessuras, abóboras esculpidas, as fantasias e máscaras. Na Irlanda do século XVIII, uma das maiores tradições do Halloween era a união de casais, ou melhor, o incentivo a ela.

Cartões comemorativos que sobreviveram ao tempo indicam várias superstições comuns na data, a começar pelo método de esconder um anel em um colcannon, prato típico irlandês composto por purê de batatas e couve-de-folhas. Aquele que encontrasse o anel primeiro significava que estava prestes a se casar.

Olhar para um espelho segurando uma vela, supostamente, garantia que a pessoa veria como era o rosto do seu amor verdadeiro em uma rápida aparição acima do seu ombro esquerdo. Essa versão foi tão difundida que acabou absorvida pela cultura popular, descrita no romance A noite das bruxas (1969), de Agatha Christie.

(Fonte: Atomic Redhead/Reprodução)(Fonte: Atomic Redhead/Reprodução)

A maioria dos métodos tinha como base a adivinhação, porque essa prática desempenhou um papel significativo na sociedade celta, sendo usada para tomar decisões, compreender o futuro e obter orientação espiritual. Eles acreditavam que o mundo estava repleto de forças espirituais e que a adivinhação era a maneira de se comunicar e obter vislumbres sobre eventos futuros, questões importantes e até cotidianas.

A tradição casamenteira foi solidificada no final do século XIX e início do século XX. Em um artigo de 31 de outubro de 1914 do jornal The Evening Ledger foi descrito que, para encontrar o amor verdadeiro, a pessoa precisava andar para trás sob a luz do luar enquanto olhava para um espelho e recitava o verso: “Rodando e rodando, ó estrelas tão belas! Vocês viajam e procuram em todos os lugares, rogo-lhes, doces estrelas, me mostrem agora quem será meu futuro marido (ou esposa)!”.

Deixando para trás

(Fonte: Irish Myths/Reprodução)(Fonte: Irish Myths/Reprodução)

Antes de a abóbora se tornar o símbolo do Halloween, o repolho era o personagem principal. Em um tempo em que a festa se concentrava em mais travessuras e pretendentes do que gostosuras, o vegetal apodrecido era usado com frequência para ser jogado nas pessoas pelas ruas, e também foi usado para fazer fogueira e servir como instrumento de adivinhação. A ideia era roubar um repolho de algum lugar e posicioná-lo sobre a porta para que caísse na cabeça da primeira pessoa que passasse. Segundo o destino, essa seria seu futuro par.

Embora pareça meio agressivo, o método estava muito longe de ser o mais perigoso. Os jovens costumavam se empenhar em um jogo em que metade de um litro de conhaque era despejado em um prato e era ateado fogo. Depois, frutas cristalizadas e amêndoas açucaradas eram espalhadas pelo prato para que os participantes tentassem pegar o máximo possível delas. Quem conseguisse pegar mais estaria destinado a encontrar seu futuro cônjuge em menos de um ano.

(Fonte: LIHerald/Reprodução)(Fonte: LIHerald/Reprodução)

Os doces recheados com oleaginosas, como amêndoas e avelãs, surgiram exatamente dessa tradição. Na Escócia do século XIX, as mulheres costumavam fazer doces antes de dormir e colocá-los ao lado da cama para poder sonhar com seu futuro cônjuge. 

As frutas, principalmente maçãs, foram muito usadas em jogos, sobretudo por ter uma conotação de algo proibido, remetendo ao fruto da Bíblia. No jogo Snap the Apple, o participante deveria cravar os dentes no fruto preso no teto por um barbante — o primeiro que o fizesse se casaria em breve. Hoje, é muito comum nos EUA o jogo Apple Bobbing, que consiste em pegar com a boca maçãs boiando em um tacho com água. O jogo se tornou mais comum em festas universitárias do que no Halloween.

Acredita-se que essas tradições supersticiosas envolvendo o romance no Halloween começaram a cair em desuso na virada do século XX, quando iniciaram as discussões sobre a “nova mulher”. O avanço das ideias e oportunidades para o poderio feminino tornou os jogos para encontrar um cônjuge algo cada vez mais machista e ultrapassado.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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